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‘A suíte paraíso’ no Cine Reflexão da Fundec

30 de Novembro de 2018 às 00:01

‘A suíte paraíso’ no Cine Reflexão da Fundec A jovem Jênia, saída da Bulgária para a Holanda na busca do sucesso. Crédito da foto: Divulgação

Nildo Benedetti

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“A suíte paraíso”, de 2015, foi dirigido pelo holandês Joost van Ginkel. Conta várias histórias que se tocam umas com as outras, ambientadas principalmente na cidade de Amsterdam, na Holanda. As história são de vários personagens de diferentes nacionalidades e condições sociais.

O filme começa com Seka, uma médica que veio de Sarajevo, na Bósnia, pondo a mesa para duas pessoas; no prato do acompanhante ausente coloca um presente. Saberemos mais tarde que seu filho faria aniversário naquele dia.

Ivica Bogdanovic é um sérvio, muito rico. Ama a esposa e é um pai carinhoso com o filho de poucos meses de idade.

Três garotas búlgaras, Jenya e suas duas amigas, chegam na Holanda cheias de esperanças de sucesso para uma série de fotos como modelos.

Yaya é um emigrante ilegal da África, que trabalha em um armazém de flores. É católico fervoroso, humilde, mostra gentileza, bondade e compaixão pelos outros. É o melhor personagem do filme. Vive em um quarto de um cortiço, onde moram outros africanos. Uma moradora com dois filhos, desempregada e ilegal, está devendo sete meses de aluguel. Yaya se esforça para obter o dinheiro.

Stig é um regente sueco que se encontra em Amsterdam para um concerto. Sua esposa é violinista e está em turnê em Tóquio. O filho do casal, Lukas, é um menino sensível e mestre do piano. Como tem incontinência urinária, dorme de fralda, é alvo de bullying pelos colegas de escola. A condição social de Stig é oposta à dos outros personagens: Jenya, Yaya, Seka e Ivica. Ele é um artista bem sucedido, é pai afetivo, mas seu casamento está em crise. Sobre Lukas recaem três fardos: a inadaptação à escola onde é segregado, o desajuste da relação entre os pais e a exigência do pai sobre seu desempenho no piano.

Esses personagens de várias nacionalidades, condição econômica, profissões e comportamento ético são utilizados para mostrar as fissuras de uma sociedade altamente desenvolvida, como é a sociedade holandesa. Compõem o panorama de um mundo subterrâneo de uma capital europeia, em que a questão dos movimentos migratórios contemporâneos do mundo globalizado tem peso significativo na vida social. Mas o filme não poupa a Holanda da sua responsabilidade no problema da migração. As forças de paz holandesas que durante a guerra da Bósnia estavam na região do Massacre de Srebrenica, facilitaram a separação de 350 homens e jovens muçulmanos que haviam se refugiado na base para escapar do massacre por sérvios e forçaram a saída deles, ao invés de protegê-los, como seria sua função. O Tribunal de Haia reconheceu a responsabilidade do Estado holandês e forçou-o a pagar indenizações às famílias dos assassinados. Uma sociedade preconceituosa é também visível no filme. Presenciamos a indiferença, arrogância, impiedade, hostilidade contra os imigrantes pelos holandeses e pelos próprios imigrantes provenientes de outros países, além do bullying sofrido por Lukas na escola.

Serviço

Cine Reflexão

“A suíte paraíso”, de Joost van Ginkel

Hoje às 19h

Sala Fundec (rua Brigadeiro Tobias, 73)

Entrada gratuita