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A Campanha da Fraternidade e a Evangelização

14 de Fevereiro de 2021 às 00:01

Dom Julio Endi Akamine

A atuação da Arquidiocese na promoção da justiça social se dá principalmente através da formação da consciência ética em vista da vida em sociedade. Nesse sentido, a Campanha da Fraternidade tem se revelado como uma forma eficaz de a Igreja propagar o Ensino Social não só entre os fiéis, mas também entre de outras Comunidades Eclesiais e as pessoas de boa vontade.

A Campanha da Fraternidade exprime bem o senso de catolicidade da Igreja: sem abdicar de seu sentido religioso de conversão pessoal, sem deixar no esquecimento o que é próprio do catolicismo, interpela também os irmãos de outras igrejas, os membros de outras tradições religiosas e os ateus a se envolverem na quaresma -- algo tão católico! -- tomando parte do seu empenho pela elaboração, realização e acompanhamento de políticas públicas em vista da construção de uma sociedade humana, fraterna e querida por Deus. Nesse sentido, a Campanha da Fraternidade constitui um programa de formação anual e continuado, realizado em todas as dioceses do Brasil voltado para todos os fiéis e para os agentes sociais tanto no seu aspecto teórico quanto prático.

A Arquidiocese de Sorocaba está comprometida concretamente com muitas ações sociais que decorrem do Evangelho. Só para citar alguns exemplos, descrevo brevemente algumas ações permanentes da Arquidiocese de Sorocaba.

Pastoral da Criança: fundada em 1989, atendeu em 2019, 26.288 crianças pobres. Das 60, 21 paróquias contam com a Pastoral da Criança. Ela está presente em 6 dos 12 municípios, e conta com 138 líderes, 232 voluntários, 836 famílias acompanhadas e 79 gestantes acompanhadas. Suas atividades se apoiam no tripé: visitas domiciliares, o dia da celebração da vida e a reunião de avaliação e reflexão.

Pastoral do Menor: os 110 agentes atendem crianças entre 4 a 17 anos e suas famílias, totalizando 2.045 atendimentos diretos e aproximadamente 1.695 famílias. As pessoas assistidas são moradores da periferia com altos índices de violência e criminalidade, qualificados pelos órgãos como prioritários para o atendimento sócio-assistencial.

Sociedade S. Vicente de Paulo - Vicentinos: são 6 Conselhos particulares, 41 conferências, 185 confrades, 118 consócias, 23 aspirantes, 15 auxiliares que atendem 229 famílias pobres / 897 pessoas, distribuindo um total de 9.061 Kg de alimentos.

Pastoral da Saúde: os seus agentes visitam os doentes nas paróquias e nos hospitais para oferecer-lhes assistência espiritual e material. A assistência social aos doentes pobres consiste no empréstimo de cadeiras de rodas e de andadores, doação de kit de higiene pessoal, e de serviços de banho e de limpeza da residência dos pobres.

Pastoral da Sobriedade: atende as pessoas dependentes de substâncias químicas e seus familiares; oferece ajuda material aos dependentes para internação e tratamento; oferece o acompanhamento após o tratamento de desintoxicação aos dependentes e aos seus familiares. A pastoral da Sobriedade inclui também o Movimento Amor Exigente e os grupos ligado à Fazenda da Esperança.

Pastoral Carcerária: além do trabalho de evangelização e de assistência religiosa oferece ajuda material aos encarcerados e assistência jurídica a eles. Atende os presídios do Mineirão (Sorocaba), de Aparecidinha (Sorocaba) de Porto Feliz, e o Presídio Feminino de Votorantim.

Muitos organismos, associações e pastorais nasceram no contexto do empenho evangelizador da Igreja e dos impulsos dados por diversas Campanhas da Fraternidade: sobre os menores, o combate às drogas, o cuidado dos encarcerados etc. O acompanhamento espiritual dos agentes é uma continuidade da catequese quaresmal da Campanha da Fraternidade, pois a conversão a Deus está intimamente relacionada com a conversão aos mais pobres. Os encontros e reuniões de formação catequética e espiritual seguem a dinâmica de que a fé cristã tem uma expressão concreta e social na caridade cristã.

Além das pastorais acima descritas, quase todas as paróquias possuem um serviço de promoção humana que consiste na arrecadação e distribuição de cestas básicas para as famílias pobres. Várias paróquias organizaram, além da distribuição de cestas básicas, serviços de assistência médica, dentária, de formação profissional, de atendimento psicológico e jurídico, clube de idosos, doação de enxoval para bebês de famílias carentes, distribuição de refeição e agasalho para os moradores de rua etc. Não há como mensurar todas as iniciativas de assistência social realizada pela Arquidiocese, muitas delas originadas e/ou motivadas pela Campanha da Fraternidade.

Dom Julio Endi Akamine é arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Sorocaba.