A nova revolução urbana

Por Cruzeiro do Sul

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A Revolução Urbana, assim conceituada (e definida) por Gordon Childe (1892-1957), ocorreu sobre a superfície terrena, conduzida pelo crescimento da produção agrícola e da população, as quais causaram a expansão territorial, a arquitetura monumental e outras inovações. Na época atual, entretanto, surge uma nova etapa, em que o espaço aéreo será o território do transporte urbano.

O Fórum de Mobilidade Aérea Urbana Avançada da Região Metropolitana de Sorocaba apresentou as pesquisas que tem acontecido por empresas nacionais no desenvolvimento de aeronaves elétricas com vistas a transportar várias pessoas entre portos de embarque e desembarque implantados na área urbana de nossa cidade.

A proposta inicial é realizar deslocamentos curtos, de até cem quilômetros entre aqueles portos, que garantam maior aproveitamento do tempo nos afazeres do dia a dia dos habitantes, os quais terão inédita modalidade de transporte, embora não seja individualizado, mas coletivo.

Outros modais de transporte (metrô, ônibus e “uber”, por exemplo) são terrenos e se submetem aos congestionamentos nas vias férreas e públicas.

A integração daquele meio de transporte, entretanto, enfrenta obstáculos: falta de legislação municipal para regular o espaço aéreo, áreas disponíveis para implantar os portos de embarque e desembarque (cada um ocupará área de 900 a 1.000 metros quadrados), infraestrutura de carregamento das baterias e profissionais para assistência técnica são exemplos.

Sob a óptica da arquitetura e urbanismo, os espaços (portos) a serem ocupados pelas aeronaves deverão ser pensados para atender as empresas e os habitantes, com vistas à segurança e à consolidação daqueles na tipologia urbana e no “skyline” da cidade. Será preciso pensar na forma, altura e outras dimensões de novos edifícios (comerciais, industriais ou residenciais), na distribuição na planta da cidade, na facilidade de acesso aos usuários (inclusive às pessoas com deficiências) e na otimização dos trajetos das aeronaves.

No Plano Diretor do Município poderá ser introduzido um capítulo específico para regular o transporte aéreo das aludidas aeronaves sobre a malha urbana, na medida das distâncias a percorrer e na razão da finalidade (ou objetivo) a que se destinam (melhorar a locomoção urbana). A oportunidade se encontra presente para os debates legislativos, inclusive com a população e profissionais interessados, e a conveniência do projeto legislativo dependerá do interesse dos poderes públicos e dos munícipes.

Conclusivamente, a nova revolução urbana será aérea, com aeronaves elétricas nacionais em trânsito pelos portos de embarque e desembarque distribuídos na malha urbana sob a logística do transporte aéreo, em prol da segurança e melhoria da locomoção dos habitantes. E Sorocaba será pioneira, com asas à imaginação e ao futuro que nos aguarda. Nada a mais.

Marcelo Augusto Paiva Pereira é arquiteto e urbanista.