‘Cruzeiro do Sul’, vista do céu e em nossas mãos

Por Cruzeiro do Sul

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Curiosamente apesar de já ser conhecida pelos astrônomos gregos, a constelação do Cruzeiro do Sul, em sua forma como conhecemos hoje, foi documentada da forma correta pela primeira vez por João Faras, astrônomo da esquadra de Pedro Álvares Cabral, em sua expedição que descobriu o Brasil em 1500, mencionando em uma carta enviada ao rei Manuel I de Portugal, desenhando e descrevendo a constelação, denominando de “las guardas”, quando já estava nas praia do litoral brasileiro. Em 1515, o navegador italiano Andrea Corsali, que viajou para a China e Índias Ocidentais, também descreveu a constelação como “Cruz maravilhosa”.

Essa formação de cinco estrelas com o formato de cruz, também é conhecida como “Crux” do latim “Cruz”, é facilmente localizada no céu do hemisfério sul e serviu de base para os primeiros navegantes que chegavam ao Brasil e na América.

Esse símbolo foi incorporado no período imperial e republicano do Brasil e está presente até nossos dias, mesmo que de forma oculta em vários elementos.

Agora vamos conhecer o Cruzeiro do Sul na numismática, isso mesmo, ela é representada numa importante comenda do Brasil atribuída a personalidades estrangeiras, é a “Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul”, criada em 1º de dezembro de 1822 por Dom Pedro I, foi abolida com a primeira Constituição republicada em 1891 e restabelecida com a sua denominação em 5 de dezembro de 1932, pelo presidente Getúlio Vargas. É a mais alta condecoração brasileira atribuída a cidadãos estrangeiros reverenciando grandes feitos para o Brasil.

Também está representado no Brasão das Armas da República, se você olhar uma moeda de 25 centavos da segunda família, lá está o Cruzeiro do Sul ao lado do Marechal Deodoro, que proclamou a república em 15 de novembro de 1889.

O Cruzeiro do Sul também está representado na nossa Bandeira do Brasil e está incluído na letra do Hino Nacional Brasileiro, na frase: “A imagem do cruzeiro resplandece”.

Por coincidência passa diariamente por nossas mãos, a imagem do Cruzeiro do Sul, ela está representada em todas as moedas do real que circulam atualmente.

Apesar de não a vermos mais, Pedro Alvares Cabral com sua esquadra foi representada na moeda de 1 centavo da primeira família, tendo sua última cunhagem em 2004, mas ainda não foi desmonetizada.

Vista do céu, foi vista e descrita quando os portugueses chegaram ao Brasil e se tornou um de nossos símbolos nacionais. Não seria coincidência que também represente a imprensa sorocabana, desde 12 de junho de 1903, e continua brilhando diariamente, é o nosso “Cruzeiro do Sul”.

Gilberto Fernando Tenor, é sócio efetivo da Academia Sorocabana de Letras e presidente emérito da Sociedade Numismática Brasileira