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João Alvarenga

Carcaça (parte 2)

15 de Fevereiro de 2025 às 21:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
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. (Crédito: FREEPIX)

Neste artigo, seguiremos com o assunto da semana passada, em que esmiuçamos o corpo humano — obra da divina criação — que, por mais que geneticistas tentem imitar, jamais chegarão à tamanha perfeição. Se, anteriormente, destacamos a importância do coração; hoje, daremos ênfase ao cérebro, órgão vital do Sistema Nervoso Central (SNC) que, não só cumpre inúmeras funções, entre elas, cuidar da nossa memória, como também delegar tarefas aos demais órgãos, a fim de que esse complexo sistema musculoesquelético e vascular funcione adequadamente, para nosso bem-estar físico e emocional.

Todavia, se compararmos nosso corpo a uma máquina, podemos dizer que o coração é um motor, e o sangue bombeado por ele “lubrifica” as engrenagens desse equipamento, para que os componentes não enferrujem. O leitor pode se perguntar: é o cérebro? Sem dúvida, é o computador central que comanda as demais peças desse complexo equipamento responsável pela vida. Afinal, esse órgão é o mais independente do corpo, pois executa inúmeras operações, sem que haja, de nossa parte, um mínimo esforço. Como assim?

Simples: neste exato momento em que você lê este artigo, sensíveis órgãos internos interagem entre si, de maneira orquestrada, formando um eficiente rizoma, em que cada componente responde aos comandos do SNC instalado na caixa craniana. Não é à toa que a mente já esteve no centro de muitas polêmicas, além de teorias malucas a respeito de seu funcionamento. Nos primórdios da ciência, também recebeu inúmeros adjetivos bizarros e foi submetido a todo tipo de experiências perigosas, como “lobotomia”, numa tentativa insana de desvendá-la.

Apesar de tantas descobertas, até os dias de hoje, o cérebro é objeto de exaustivos estudos de vários especialistas. Sobre as funções neurais, o neurocirurgião, Bernardo de Monaco, explica: “O cérebro responde por infinitas conexões neurais que, de modo surpreendente, gerenciam uma máquina responsável por executar todas as tarefas diárias, num simples piscar de olhos, sem nos darmos conta.” Ou seja, muitas ações corporais e sensoriais são executadas, instantaneamente, quase que de forma autônoma, como se cada órgão tivesse “vida própria”.

Embora as possibilidades da inteligência humana sejam inesgotáveis, atualmente, muitas pessoas se encantam com a “Inteligência Artificial”. Mas, pesquisadores enfatizam: “o computador é inspiração humana”. E, se há hábitos alimentares que representam riscos ao coração, como foi destacado no artigo anterior, também há certos comportamentos que são nocivos à mente. O maior problema está no fato de que muitas pessoas estão “aposentando” o cérebro. Por quê?

Na verdade, muita gente acredita que as máquinas farão tudo por nós, inclusive trabalhar e até guardar nossas memórias. Por isso, muitos estudantes deixam de resolver questões básicas de matemática ou redigir uma simples redação. Afinal, escrever pra quê? Se as plataformas disponibilizam o “maravilhoso mundo novo da resposta pronta”.

Diante desse comportamento, quais as consequências à saúde mental do ser humano ao longo do tempo? O poeta modernista, Mário de Andrade, já no início do século passado, ironizava essa situação, do dizer, num dos poemas, que os indolentes tinham “adiposidade mental”. Ou seja, a preguiça mental, que já era percebida antes das “IAs”, tende a se tornar mais evidente.

Brincadeiras à parte, neurocientistas advertem para o fato de que o cérebro precisa ser estimulado, constantemente, principalmente na terceira idade, a fim de afastar a ameaça das doenças degenerativas, como Parkinson e Alzheimer. Cientistas advertem: “A ocorrência de doenças neurodegenerativas, que causam demência, aumenta com o avanço da idade”. Porém, até os mais jovens podem ser vítimas dessas mazelas. Logo, a prevenção à saúde mental deve ser para a vida toda, da infância à velhice. Afinal, como diz o ditado: “Mente sã, corpo são”. Bom domingo!

João Alvarenga é professor de redação.