Recomendações de filmes da Netlix (parte 2 de 2)

Por Cruzeiro do Sul

Olivia Colman vive Leda, em "A filha perdida"

Na semana passada recomendei ao leitor alguns ótimos filmes disponíveis na Netflix. Sugiro agora que assistam aos abaixo citados, porque também envolvem aspectos significativos de ciências humanas: sociologia, guerra, crítica de arte, história etc.
Recomendo que leiam as análises completas desses filmes no meu livro “Filmes para Pensar - Volume 3”, disponível gratuitamente no site https://cinereflexao.wordpress.com/.

“O poço”

Este filme é uma alegoria que pode ser entendida sob diversas perspectivas: religiosa, sociológica, psicológica etc.

Sob a perspectiva sociológica, vemos homens e mulheres de todas as raças e crenças que fazem parte de uma hierarquia social fixada geograficamente a partir do norte para o sul e simbolizada pelo piso em que o indivíduo se encontra nessa grande prisão. É uma crítica à desigualdade na contemporaneidade, em que o hemisfério norte oferece as sobras ou nada aos que estão nos pisos inferiores e dá em excesso aos que estão nos pisos superiores.

Outra perspectiva é a psicológica. O poço é um laboratório de estudo do comportamento humano sob variadas situações.
Na minha análise apresento uma interpretação do enigmático final do filme.

“Nada de Novo no Front”

O filme mostra algumas das desgraças que ocorrem em todas as guerras: violência, destruição, morte de soldados e de civis inocentes de todas as idades, pilhagens, tortura, fome. A guerra é patrocinada por indivíduos que estão longe dos campos de batalha, mas que conseguem fazer que uma parte da população, quando apropriadamente manipulada, vá à guerra imbuída de valores positivos de bravura, patriotismo, honra. Um soldado fala da brutalidade dos superiores: “Se deres poder a um homem, ele torna-se uma besta”.

“O Destino de Haffmann”

O filme trata de um sórdido episódio da história da França: o do colaboracionismo com o nazismo alemão durante a segunda guerra mundial.

A França assinou um acordo de armistício pelo qual os alemães ocuparam a parte do país, enquanto no restante do território foi criada a República de Vichy, de ideologia fascista, subordinada à Alemanha. Haffmann, que era judeu, tentou salvar a família, enviando-a para Vichy, enquanto ele se escondia na joalheria do qual era dono.

Na minha análise, relaciono o panorama histórico em que o filme se desenrola e seu reflexo no comportamento dos personagens.

O filme não tem cenas de violência e se atém a analisar o que o ser humano exibe de melhor ou de pior diante de situações de desastre: alguns tentam tirar proveito da miséria alheia sem quaisquer escrúpulos, outros se mostram solidários e afetivos.

“A Filha Perdida”

Questões sobre maternidade, família, liberdade, feminilidade, neoliberalismo, são tratadas com profundidade no filme, porque ele é paradigmático para ilustrar o conflito vivido por mães da contemporaneidade que, de um lado, buscam o usufruto pleno da liberdade, da realização profissional e da ampla independência econômica e afetiva; e, de outro, se vê aprisionada pela exigência da vida doméstica de cuidar de filhos e oferecer-lhes uma vida conjugal harmoniosa.

Na minha análise exponho as razões que me levaram a fazer uma interpretação do filme baseada em diversos aspectos da vivência do luto nos seres humanos.

Esta série de artigos está incluída no projeto Cine Reflexão da Fundec