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João Alvarenga

Findimudismo

Esse comportamento faz parte do pós-modernismo, pois o ser humano, neste século, está sem perspectivas

23 de Setembro de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: REPRODUÇÃO / INTERNET)

 

Você tem medo do fim do mundo? Pois saiba que as recentes tragédias climáticas reascenderam, nas redes sociais, as falas proféticas em torno desse tema. Na internet, o que não falta é “profeta” de plantão com previsões absurdas acerca do apocalipse. Na internet, de João Bidu a Nostradamus, há milhares de previsões sobre como e quanto a Terra irá acabar. Na verdade, muitos se autoproclamam “apocalípticos”, pois levam a sério a ideia de que o planeta vive o seu último respiro. Há quem chame isso de “findimundismo”, ou seja, teorias bizarras sobre o “Juízo Final”.

No entanto, não se alarme, pois, para o teórico Jair Ferreira dos Santos, esse comportamento faz parte do pós-modernismo, pois o ser humano, neste século, está sem perspectivas quanto ao futuro da humanidade, vivenciando um vazio existencial. Por isso, surgem tantas teorias alopradas sobre o último capítulo de nossa saga. Já tivemos milhares de previsões trágicas, de invasões alienígenas a meteoritos que se chocarão com a terra ou, então -- a mais factível --, bombas nucleares darão fim ao planetinha azul.

Na verdade, desde os egípcios até os nossos dias, há incontáveis alertas sobre a derradeira hora. Graças ao bom Deus, nada disso se cumpriu até agora. Porém, a ideia de finitude ronda nossas cabeças. Pois, se por um lado a natureza mostra as suas garras, em resposta a tanto desrespeitos ao meio ambiente, por outro, as guerras geram intranquilidades. Tudo isso aliado à Inteligência Artificial que, tanto otimiza o trabalho como gera desemprego em massa.

Para sedimentar o tom trágico, as consequências do aquecimento global não só se tornaram pauta política, como servem de alicerce para as profecias “findimundistas”. Inclusive, há várias postagens com dia e hora marcados para o “fim dos tempos”. Há quem jure que o descalabro ambiental é o início do advento. Algumas igrejas oferecem cursos que ajudam a decifrar os versículos mais emblemáticos das escrituras, o livro do “Apocalipse”. Aliás, a citação de João, de que “a Terra bailava no céu como se estivesse ébria”, endossa o tom alarmista.

Todavia, para alguns especialistas, sempre que a situação sai do controle, o desespero bate à porta. Atualmente, políticos, religiosos, ambientalistas -- pobres e plebeus -- tentam entender o que está acontecendo com o planeta. A verdade é que o tom profético ganha revelo porque, quase sempre, os discursos vêm revestidos com áurea mística e citações bíblicas ou, então, de premonições de figuras históricas que, de certo modo, ganham não só visibilidade, mas, principalmente, credibilidade. Como exemplo, temos a controversa figura do vidente francês Michael de Nostradamus. Segundo seus seguidores, esse vidente teria previsto grandes tragédias humanas que já se efetivaram.

Entre suas previsões, muitos enumeram as duas grandes guerras do século 20, bem como o surgimento do nazismo e de Adolf Hitler. Há, ainda, quem jure que tal vidente também anteviu o ataque terrorista ao Word Trade Center, as famosas torres gêmeas, ocorrido há vinte anos.

A guerra entre Ucrânia e Rússia também é creditada na sua conta como mais uma das grandes previsões. Esse fato é apontado por analistas da política internacional, autoridades, políticos e místicos, como um momento delicado para a humanidade. Há quem preveja que, em 2024, o xadrez político global terá vários abalos.

Nesse rol de especulações, nem os cientistas escapam da onda, pois tudo, um dia, terá um fim, inclusive nosso planeta. Assim, antes de morrer, em março de 2018, aos 76 anos, o físico Stephen Hawking completou uma de suas assustadoras teorias sobre o possível fim. Não o fim da terra, mas do próprio universo. Segundo esse eminente cientista, tudo vai virar escuridão quando as estrelas ficarem sem energia, por volta de 2600. Como ainda temos um “tempinho”, muitos vivem o hoje como se não houvesse amanhã. Bom domingo!

João Alvarenga é professor de redação