É hora do lanche prensado na chapa
Decidi escrever este artigo citando as lembranças dessa época -- das quais também participei -- nos carrinhos e espaços da gastronomia das calçadas
Vanderlei Testa
Tem lanche “o melhor do mundo” nas mesinhas da Real ou para levar e se esbaldar de comer na casa. Os lanches sempre existiram com os nomes e recheios mais extravagantes do universo. Não resisti à tentação de experimentar o tal melhor do mundo. Haja fome pelo tamanho e quantidade de ingredientes. Custa o preço de um almoço no mesmo local. Beirando os R$ 45,00. Enquanto ainda sinto o paladar do filé mignon à milanesa, queijos, alface, temperos e segredinhos do lanche, leio uma postagem do Edson Luiz Ferreira, citando o Esquerdo Lanches da rua Nogueira Padilha e outros nomes de lanches e seus chapeiros especialistas nos anos 80 e 90 em diante. Ufa! Deu água na boca relembrar.
Decidi escrever este artigo citando as lembranças dessa época -- das quais também participei -- nos carrinhos e espaços da gastronomia das calçadas. O meu xará, Wanderlei Pegoretti, era consumidor do lanchinho super do Celsinho Kelly: “A maionese era boa demais e caseira”. Newton Maciel Oliveira e Gilson Campos Pires citaram o Big Lu como lugar preferido da sua juventude. Gilson destacou que o dono era o saudoso Luizinho. O seu trailer ficava dentro de um estacionamento em frente ao jardim do Canhão. Depois de casado, mudou a lanchonete móvel para o final da rua Ubirajara. A Laura Vieira recordou: “Eu comia o famoso pão “Galinhão” numa lanchonete ao lado do Cine São José. O proprietário se chamava Rosano. Depois passei a comer no Triunfão, que existe até hoje”.
O Edgard Domingo de Albuquerque disse: “Paladar Lanches, nada como um Galinhão Cumbinca ou um Prensado Amado Mestre, com uma coca trincando, às 3h30 da madrugada.” A Sueli Regina Rodrigues, nos anos 90, era de terminar a noite com um cachorrão de um dos carrinhos na cidade. “Tudo de bom!” A Fátima Oliveira e o Álvaro Jamas destacaram o Tição lanches, que ficava perto da rodoviária. “Lanches deliciosos! Saudades daqueles tempos!” A Nena Gonçalves: “Bom mesmo era o bauru do bar em frente do Cine Caracante”. Para o Gilberto Machado, a sua convivência diária e semanal com o Seixas lanches, na av. General Carneiro, era fantástica. “Tudo delicioso e íamos dormir com o maior lanchão de Sorocaba e mais gostoso da cidade.” Já o Teles Bird não se esquece do carrinho do Cachorrão do seu Zé, na rua Nogueira Padilha, esquina em frente à farmácia do seu Domingos. Adriana Ercolim e o Alê Antunes citaram o Tribom, com lombo canadense. Eduardo Momesso recordou dos bons tempos nos carrinhos de cachorro quente pela cidade e na Bengala Lanches, na rua Nogueira Padilha. Paulo Latuf Filho valorizou o pernil do bar na Praça 9 de Julho, com pão da Real. “Uma delícia!” Lourdes Quirino é da época do “Buraco Quente”, na praça Carlos de Campos. “Muito bom!” Francisco Pereira, na sua juventude, deu um toque de humor nas lembranças. “Quando éramos adolescentes, íamos ao Círculo Ítalo Brasileiro, todo mundo duro de dinheiro. Tínhamos apenas o suficiente para entrar no Clube, tomar um piper, e comer um cachorrão naquele carrinho que ficava na esquina da rua da Penha com a rua Benedito Pires, em frente ao Banco Bamerindus! Não tínhamos dinheiro nem para o ônibus!”
Fernando José de Azevedo Leite destacou o lanche Buldog, na rua Santa Clara. Carlos Alberto Almeida Barros comentou: “Não podemos esquecer também do cachorrão da Azeitona, que era ao lado da Igreja Catedral e do Clube União Recreativo”. Claudemir Vasconcelos foi fiel ao bar do Américo: “Lá, tinha coalhada com churrasquinho de queijo. Salvou muitos da exaustão da farra”, brincou Claudemir. O Jackson Luiz Mendes frequentava também o bar do Américo, sempre saboreando um churrasquinho acompanhado da coalhada de abacaxi. “Imperdível”, disse o Jackson. O Triunfão lanches foi citado por várias pessoas, como a Rita Marcelina Martins Paes e o Sérgio Ricardo Carriel, que frequentaram esse trailer na esquina da rua Brigadeiro Tobias e Monsenhor João Soares. Até hoje, após três décadas continua aberto no mesmo lugar e abriu outra unidade em Santa Rosália.
O famoso lanche de Bauru do bar do Kuiú, na rua Nogueira Padilha, foi lembrado pela Neusa Bornia, que nasceu e morou na vizinhança desse comércio ao lado do Cine Eldorado. O bar do Melo também ficava nessa redondeza do cinema e atraia nos finais de semana uma centena de jovens dos anos 80 para comer o lanche de pernil preparado pelo dono, Acácio. Depois ele abriu o Bar Brasil, com o seu insuperável lanche de pernil. O cachorrão do Baiano da Telesp nos anos 90 foi muito comentado. Hoje está na garagem da sua casa, no Jardim São Guilherme. Rinaldo Pena diz que o baiano é um patrimônio da cidade. Fábio Souza é um dos comensais desse cachorrão feito de salsicha com mostarda e maionese. Na porta do colégio Estadão tinha o carrinho de cachorro quente do seu Vicente, isso por de 1963. Quem comia lá eram os alunos, como o radialista José Desidério e Flávio Chaves. Nessa época, o cigarro American Club fazia sucesso com a juventude da escola que “filava” do Vicente às escondidas, contou um dos alunos.
Edson Freitas ia ao carrinho Bibol’s, ao lado do shopping Sorocaba, na Portuguesa, da av. São Paulo, famosa no lanche de pernil, e no bar do Binho Rondinelli, na rua Nogueira Martins, lugar dos pastéis de carne de Sorocaba. Maria Lúcia Hidalgo Terci frequentava, na rua Brigadeiro Tobias, o carrinho de lanches “Prensão”, um dos mais usados pelo pessoal que trabalhava no antigo prédio da Prefeitura Municipal. Anderson Nakagawa contou que o carrinho de cachorro quente em que ele comprava os lanches fazia jus ao nome de serem três vezes bons os seus cardápios. O Neuri Antunes da Cruz conta que nos anos 90 era chapeiro das baladas e trabalhava no Sarchichon, em frente à rodoviária, desde 1981. E o dog do Barbosa! Hummm!
Vanderlei Testa (artigovanderleitesta@gmail.com) é jornalista e publicitário. Escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul