Maristela Honda
Construindo o Brasil. Cuidando da Saúde
O aumento da presença feminina em construções se deve, entre outros motivos, à qualidade de execução dessa mão de obra; ao zelo com os equipamentos e nível de atenção aos detalhes
Maristela Honda
Uma antiga propaganda americana tinha o seguinte título: “Você veio de um longo caminho, baby”. Aparentemente, o título reconhecia a jornada da mulher e sua justa ocupação na sociedade moderna. As intenções eram de que, então, nós deveríamos consumir aquele produto desenvolvido para o universo feminino. Aliás, muito nocivo.
Com a comemoração do Dia Internacional da Mulher, uma data de conquistas sociais, cumprimento as mulheres pela sua jornada de prover para suas famílias e pelo seu papel na criação e ordenamento da família. A mãe não apenas gera vida, mas provê sustento, dá exemplo, é a grande responsável pelo agregamento da estrutura familiar. Dela parte o sustento, amor, carinho, atenção e cuidados. É o elo forte que cria lares. Os homens têm seu mérito também, porém cada vez mais a mulher cuida.
No universo do Serviço Social da Construção Civil (Seconci-SP), organização sem fins lucrativos que cuida da saúde dos trabalhadores da construção civil e faz a gestão compartilhada de unidades de saúde do Estado e do município de São Paulo, cerca de 75% das pessoas que lá trabalham são mulheres, em diversos cargos, desde a gestão propriamente dita até atividades mais simples. São 8.980 mulheres, de um total de 12.108 funcionários, chegando esse número até mais de 14 mil, se considerarmos os prestadores de serviços. 1.170 são enfermeiras, 214 médicas, 75 são dentistas. Mães, filhas, esposas que além de cuidar de suas famílias, estão na linha de frente nessa época tão difícil no combate à pandemia.
Completam esse universo duas superintendentes, 63 gerentes, 21 coordenadoras/supervisoras. Quase 2 mil têm ensino superior completo, 1.020 com pós-graduação completa e 29 com mestrado e outras com doutorado e pós-doc. Quase 5.500 têm o ensino médio completo.
Hoje na construção civil, engenheiras, técnicas em segurança do trabalho, pedreiras e instaladoras são funções cada vez mais desempenhadas pelas mulheres nos canteiros de obras, inclusive em cargos administrativos ou no comando das empresas. Apesar de ainda serem minoria, as mulheres vêm elevando sua participação no total de trabalhadores da construção. Entre 2003 e 2013, o número de mulheres nos cursos de engenharia passou de 24.554 para 57.022. Trata-se de um crescimento de 132,2%.
Segundo os últimos dados disponíveis da RAIS/IBGE, em 2015, o sexo feminino já representava 9,74% da força de trabalho formal do setor. A cidade de São Paulo tem mais mulheres que a média nacional, e corresponde a mais de 70 mil trabalhadoras.
O aumento da presença feminina em construções se deve, entre outros motivos, à qualidade de execução dessa mão de obra; ao zelo com os equipamentos e nível de atenção aos detalhes em atividades de acabamento. São cuidadosas e meticulosas, possuem grande capacidade de refinamento na execução das tarefas, além de concentração e limpeza. São procuradas sobretudo para atividades que requerem profissionais atentos a todos os detalhes, e que sejam perfeccionistas e caprichosas, como pinturas, assentamento de peças cerâmicas e instalações elétricas.
O comprometimento e a dedicação das mulheres também trazem reflexos econômicos positivos. As mulheres costumam chegar no horário, utilizam corretamente os equipamentos de proteção individual (EPIs) e ferramentas, reduzindo em muito os custos com acidentes de trabalho e desgaste dos materiais. Nenhum desse números teria validade se não fosse por um pequeno fator. São mulheres que, além de criar bons cidadãos, constroem um Brasil cada vez melhor. Cuidam de da saúde, salvam vidas com muita dedicação.
Sim, tem sido uma longa jornada. Que ainda não terminou.
Feliz Dia Internacional da Mulher. Feliz dia de cuidar de vidas.
Maristela Honda, é presidente Seconci-SP e vice-presidente SindusCon-SP