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Coletivo Cê apresenta ‘1989’ em Votorantim

16 de Maio de 2019 às 20:33

Coletivo Cê apresenta ‘1989’ em Votorantim O enredo da peça destaca o cotidiano de uma típica família do interior. Crédito da foto: Bruno Ducatti / Divulgação

O espetáculo teatral “1989”, do Coletivo Cê, será apresentado neste sábado (18), às 20h, no Parque da Autonomia, em Votorantim. A premiada peça é uma proposta de imersão no ano de 1989, no contexto eleitoral da época. O ingresso custa R$ 10 e pode ser adquirido até uma hora antes da apresentação.

Com direção de Júlio Mello e dramaturgia criada coletivamente, a peça acompanha o cotidiano de uma típica família interiorana -- pai, mãe, filha adolescente e avô -- no ano de 1989 em frente ao televisor. A programação televisiva “zapeada”, com fragmentos de fatos marcantes, conduz a dramaturgia, que sugere um mergulho lúdico no tempo para reflexão de temas atuais como relacionamento interpessoal, alienação e pós-verdade.

Mello também integra o elenco de intérpretes-criadores ao lado de Eliane Ribeiro, Bruna Moscatelli e Hércules Soares. O espetáculo contou com o olhar do bailarino Thiago Alixandre, integrante do Coletivo O12, que assinou “gramática gestual”, como ele mesmo escolheu nomear, e destaca o trabalho do jovem maquiador Sam Alex, de apenas 18 anos. Já o figurino de Felipe Cruz, figurinista e carnavalesco sorocabano, foi construído com peças de brechó escolhidas a dedo pelo próprio para retratar a época.

A pesquisa para o espetáculo teve início em outubro de 2016, e o ponto de partida foi o bairro da Chave, em Votorantim, vila industrial construída em 1892 que, além de ser abrigar a sede do grupo por cinco anos, foi fonte de pesquisa para os espetáculos “Desmedida” (2013) e “Cunhãntã” (2014).

Júlio Mello comenta que o espetáculo surgiu a partir de um “mapeamento afetivo” da rua Willian Snapp, chamada pelos próprios moradores de “rua do Meio”. Durante a pesquisa in loco, a princípio para tomada de depoimentos dos moradores mais populares, o grupo constatou que as janelas das casas, todas pequenas e geminadas, com as portas para a rua, eram iluminadas pela luz dos televisores onipresentes. “Percebemos que esse era o único objeto presente em todas as casas. Essas luzes [da televisão] refletiam as subjetividades daqueles sujeitos”, comenta. “Chegamos, então, ao enredo do espetáculo: uma televisão que conta os principais acontecimentos de 1989 a partir de recortes da sua própria programação”, complementa.

A dramaturgia ditada pela televisão, comenta o diretor, foi inspirada no documentário “Um dia na vida”, do cineasta Eduardo Coutinho. O filme, uma colagem de trechos de comerciais e programas de televisão aberta gravados pelo cineasta em um único dia, jamais estreou em circuito comercial porque seu conteúdo inclui trechos de obras cujos direitos não foram liberados.

A obra já circulou por diversas cidades do interior paulista e de outros estados, participando de festivais e sendo premiada na categoria Melhor Espetáculo Adulto no 40º Festival Nacional de Teatro de Pindamonhangaba, além de fazer parte da programação oficial do Virada Cultural de São Paulo, edição 2018.

O Parque da Autonomia fica na rua João Gugoni, 26, Jardim Icatu, em Votorantim. (Da Redação)