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Prótese pode curar deformidade no joelho

09 de Setembro de 2020 às 00:01

Prótese pode curar deformidade no joelho Problema causa dor e dificulta atividades simples. Crédito da foto: Reprodução / Internet

Túlio Pereira Cardoso

Quando a articulação do joelho apresenta uma deformidade grave, com dor que dificulta atividades simples como andar e subir escadas, às vezes dor mesmo em repouso, fica caracterizado o diagnóstico de artrose ou desgaste articular e existem algumas medidas médicas que visam minimizar ou eliminar o problema.

Em casos menos graves, com pouca deformidade e dor de menor intensidade, estão indicados tratamentos conservadores como fisioterapia, exercícios na água, palmilhas, medicações analgésicas e anti-inflamatórias. Ocasionalmente, existe indicação de injeções intrarticulares, as conhecidas infiltrações, que utilizam anestésico, corticoides e derivados do ácido hialurônico.

Os métodos acima são todos paliativos. Diminuem os sintomas temporariamente, mas não resolvem o problema básico, ou seja, a doença articular.

Dependendo da idade do paciente, do grau de acometimento e também do insucesso de tratamentos não cirúrgicos, temos a alternativa da artroplastia com implante de uma prótese articular. A idade não é fator limitante da indicação, nem para cima nem para baixo.

Esse procedimento é realizado em regime de internação hospitalar por dois ou três dias, sob raquianestesia com sedação e duração aproximada de 90 minutos. A cirurgia consiste em incisão de aproximadamente 10 centímetros na frente do joelho, sobre a patela, recorte da superfície cartilaginosa e óssea deformada e implante da prótese.

Prótese metálica

A prótese é composta de quatro componentes feitos de diferentes ligas metálicas de aço inox com revestimentos de titânio ou hidroxiapatita e componentes de polietileno que podem ser “cimentados” aos ossos com um adesivo conhecido como cimento ortopédico. Existe a possibilidade de fixar por pressão (press fit), sem uso do cimento, mas ainda não é o método mais usado.

Não é usada imobilização rígida, mas apenas curativo e enfaixamento por poucos dias. Recomenda-se repouso com a perna elevada nos primeiros cinco dias e é permitido andar desde o segundo dia pós operatório, pisando com os dois pés e utilizando andador ou par de muletas nos primeiros oito dias.

A duração dos componentes da prótese varia conforme o uso, a qualidade óssea, qualidade dos componentes e precisão da técnica cirúrgica. O desgaste é muito lento. Geralmente, o que ocorre é a soltura da prótese, ou por problemas técnicos, pelo colapso ósseo ou por infecção.

O fenômeno da rejeição praticamente não existe, já que os materiais utilizados são inertes e biocompatíveis. Quando se fala em rejeição, normalmente está ocorrendo infecção. Essa pode ser tratada com uso de antibióticos específicos para cada caso, re-operação apenas trocando o componente de polietileno e limpeza e lavagem articular. Nos casos de infecção mais tardia, após dois ou três meses, e que não resolvem com tratamento menos agressivo, se faz necessária a troca de todos os componentes da prótese. Felizmente esses casos ocorrem em torno de 2 a 4% dos casos de artroplastia.

Os principais objetivos da “cirurgia de prótese” são a diminuição ou eliminação da dor, correção da deformidade e melhora da função articular, permitindo atividades rotineiras como andar, subir e descer escadas e dirigir.

Não podemos prometer uma articulação “normal” nem criar falsas expectativas como a de praticar atividades físicas -- como corrida e futebol --, que geram muito impacto e podem soltar a prótese.

Com a evolução tecnológica e a criação de novos modelos e materiais o resultado das artroplastias é cada vez mais promissor. O futuro certamente vai agregar técnicas envolvendo inteligência artificial e robótica.

Dr. Túlio Pereira Cardoso - CRM 38605 - Doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho.