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Novas técnicas facilitam transplantes e cura de leucemia

03 de Março de 2021 às 00:01

Novas técnicas facilitam transplantes e cura de leucemia Muita coisa mudou desde que Camila (Carolina Dieckmann) expôs o drama de quem busca doador de medula. Crédito da foto: Reprodução / Tv Globo

A novela Laços de Família (TV Globo, 2000-2001) está sendo reprisada. No desenrolar da trama, a personagem Camila (Carolina Dieckmann) é diagnosticada com leucemia. Após a cena antológica, na qual a jovem tem seus cabelos raspados antes de iniciar a quimioterapia, um médico explica à sua mãe (Vera Fischer) que, como o irmão da paciente não é compatível, as soluções possíveis seriam encontrar um doador em um banco ou coletar o sangue do cordão umbilical de um bebê, desde que este fosse gerado pelos mesmos pais biológicos de Camila.

Transcorridos 20 anos da novela, o que mudou nos transplantes de medula óssea (TMO) e nos tratamentos das doenças oncohematológicas? As médicas Alice Francisco e Gabriela Filgueiras Sales, dirigentes da ONG Maple Tree Cancer Alliance, explicam sobre essa evolução.

Basicamente, existem três modalidades de TMO: autólogo, alogênico e haploidêntico. Os transplantes autólogos são aqueles em que as células-tronco do paciente são removidas de sua medula óssea ou do seu sangue periférico e, depois de passarem por um tratamento, são reimplantadas nele próprio.

Os alogênicos, por sua vez, geralmente são feitos em casos de leucemias e linfomas, mas necessitam de um doador. Essa era, sem dúvida, uma das maiores angústias dos pacientes, pois mesmo os irmãos (desde que filhos dos mesmos pais) costumavam apresentar cerca de 25% de probabilidade de serem totalmente compatíveis entre si.

Assim, quando não se identificava um doador na família (os chamados aparentados), recorria-se aos bancos de doadores de medula existentes pelo mundo. As chances de encontrar a compatibilidade plena eram escassas e chegavam a ser estimadas em uma para cem mil.

Porém, há cerca de cinco anos, uma nova modalidade de transplante alogênico, denominada transplante haploidêntico, tornou-se viável e aliviou essa pressão pela busca de uma medula inteiramente compatível. No Brasil, o procedimento passou a ser disponibilizado há dois anos.

Nos haploidênticos, os doadores podem ser parentes com compatibilidade parcial, como pais, mães ou filhos do paciente. Portanto, desde que dentro dos critérios necessários em relação à idade e condições de saúde do doador, tornou-se quase certo encontrar um doador no núcleo familiar do paciente.

Atualmente, também existem diversas possibilidades terapêuticas correlatas ao TMO. São as chamadas terapias celulares, como o CAR-T Cell, tratamento de vanguarda, feito com células de defesa do próprio paciente, reprogramadas geneticamente. (Da Redação)