Chile elege Kast e dá guinada à direita

Por Cruzeiro do Sul

Presidente eleito promete deportações, prisões de segurança máxima e cortes de gastos

José Antonio Kast venceu a eleição presidencial do Chile no domingo (14), impulsionada principalmente pelo medo da população em relação ao crime e à imigração. O presidente atual, Gabriel Boric, tem sido o líder mais à esquerda do Chile desde o retorno à democracia em 1990; Kast seria o mais à direita. Ele promete deportações, prisões de segurança máxima e cortes de gastos.

Esta é a terceira candidatura presidencial de Kast. Ele mantém laços com líderes de direita em todo o mundo. Na questão da imigração, ele segue a cartilha de Donald Trump. Ele promete um “governo de emergência” focado não em seus valores sociais (a “pauta de costumes”), mas na imigração, no crime e na economia.


O Chile está saindo de um período de instabilidade política. Em 2019, eclodiram enormes protestos de rua, provocados pelo aumento das passagens do metrô e sustentados pela revolta contra a desigualdade. Isso impulsionou Boric à vitória em 2021, com a promessa de “refundar” o Chile por meio de uma nova constituição. Uma assembleia constituinte produziu um projeto tão utópico que os chilenos o rejeitaram de maneira contundente. Uma segunda tentativa, liderada por conservadores, também foi rejeitada.

Enquanto isso, a imigração, a criminalidade e uma economia lenta empurraram os eleitores para a direita. Entre os 20 milhões de habitantes do Chile, há 2 milhões de imigrantes. Cerca de 337 mil, quase todos chegados a partir de 2018, não tem autorização legal. (Estadão Conteúdo)