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Internacional

Turquia ameaça barrar entrada de Finlândia e Suécia na Otan

Presidente turco pode utilizar o poder de veto na organização

14 de Maio de 2022 às 00:01
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Erdogan acusa escandinavos de
Erdogan acusa escandinavos de "abrigar terroristas". (Crédito: ADEM ALTAN / AFP)

 

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse ontem (13) que a Turquia não é a favor da adesão da Finlândia e da Suécia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), acusando os países escandinavos de dar abrigo a militantes curdos. “Não temos uma opinião positiva. Os países escandinavos são como uma casa de hóspedes para organizações terroristas”, disse Erdogan a repórteres, citando o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado um grupo “terrorista” pela Turquia.

O chefe de Estado garantiu que não quer que se repita “o mesmo erro que foi cometido com a adesão da Grécia”. “Estamos atualmente acompanhando a evolução da Suécia e da Finlândia, mas não temos uma opinião positiva, porque eles cometeram um erro na Otan em relação à Grécia antes, contra a Turquia”, declarou o chefe de Estado após a oração de sexta-feira em Istambul.

A reação da Turquia é a primeira voz dissonante dentro da Otan sobre a possibilidade de Finlândia e Suécia aderirem à Aliança do Atlântico Norte. Desde o início da crise e depois da invasão russa da Ucrânia, a Turquia tem feito o possível para manter boas relações com os dois países, dos quais sua economia depende muito.

Erdogan não disse claramente que bloquearia qualquer tentativa de acesso dos dois países nórdicos, mas a Otan toma todas as decisões por consenso, portanto cada um dos 30 membros teria potencial poder de veto sobre novos integrantes. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, já disse que, caso os dois países façam um pedido formal, seriam bem-vindos. Funcionários da Otan disseram que o procedimento para acesso poderia levar “algumas semanas”, embora possa levar cerca de seis meses para os membros ratificarem o protocolo de acesso.

EUA na espera

Washington “trabalha para esclarecer a posição da Turquia”, disse ontem a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, após as declarações do presidente turco. Os Estados Unidos querem “compreender melhor a posição da Turquia”, acrescentou o porta-voz do Pentágono, John Kirby, para quem Ancara é “um aliado valioso da Otan”.

A Turquia “esteve envolvida e tem sido efetiva em tentar estabelecer um diálogo entre Rússia e Ucrânia, e deu assistência à Ucrânia”, acrescentou. “Sendo assim, nada muda quanto à sua posição na aliança da Otan”, disse.

Para alguns analistas, a Turquia poderia buscar aproveitar uma vantagem tática para obter uma contrapartida dos membros da Aliança. Ancara deseja adquirir aviões de combate F-16 americanos, assim como as reposições necessárias para a manutenção e a modernização dos F-16 que já tem.

O país originalmente encomendou e pagou 1,4 bilhão de dólares por uma remessa de aviões F-35, que nunca foram entregues. Todo o contrato foi congelado pelos Estados Unidos em 2019 após a compra pela Turquia do sistema antimísseis russo S-400, considerado uma ameaça para os F-35. Washington excluiu, então, a Turquia deste programa militar avançado. (AFP e Estadão Conteúdo)