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Internacional

Em discurso, Putin evita ampliar tensões

10 de Maio de 2022 às 00:01
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O líder russo exaltou o teor
O líder russo exaltou o teor "antinazista" da invasão. (Crédito: MIKHAIL METZEL / SPUTNIK / AFP)

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, usou seu discurso de ontem, em comemoração da vitória soviética sobre o nazismo, em 1945, para tentar incendiar o nacionalismo russo e canalizá-lo em um apoio à invasão da Ucrânia. Ele culpou o Ocidente pela guerra, defendeu a operação militar, mas evitou novos anúncios, como convocar um recrutamento em massa ou declarar vitória, como muitos esperavam.

O Dia da Vitória é o feriado secular mais importante da Rússia, marcado por um gigantesco desfile militar e por um discurso de Putin na Praça Vermelha, em Moscou. Ontem, como esperado, ele pediu união e apoio do povo russo, classificou os ucranianos como “nazistas” e evocou o passado glorioso da União Soviética, ainda uma das identidades mais fortes do país.

“Vocês estão lutando pela pátria, por seu futuro, para que ninguém esqueça as lições da 2ª Guerra”, disse Putin, dirigindo-se aos soldados russos. “Para que não haja lugar no mundo para carrascos, verdugos e nazistas. Vocês estão lutando pelas mesmas coisas pelas quais lutaram seus pais e avós.”

Putin reiterou sua justificativa de que atacar a Ucrânia foi “inevitável” e “a única decisão correta”. De acordo com ele, a Rússia tentou o diálogo, que foi ignorado pela Otan. “Eles tinham planos diferentes. E nós vimos isso”, afirmou, acusando a aliança de preparar uma invasão de “terras históricas” russas, incluindo a Crimeia, anexada em 2014.

Por isso, segundo Putin, as tropas russas na região de Donbass estão lutando “em suas terras”, uma indicação de que ele não pretende abrir mão do controle do território conquistado nos últimos meses.

Apoio ucraniano

Ania, uma jovem de 20 anos que prefere não informar seu sobrenome, diz ser de Mariupol, cidade ucraniana que está entre as mais destruídas pela ofensiva ordenada pelo presidente russo, oficialmente para derrotar “neonazistas” ucranianos supostamente envolvidos num genocídio de falantes da língua russa.

“Sou muito grata a Putin pelo que ele está fazendo. Devemos derrotar esse nazismo como nossos avós” em 1945, diz a jovem ao lado de seu namorado Vova na rua Arbat. “Não pode haver nazismo no país”, repete, usando um chapéu militar e uma fita de São Jorge no peito, símbolo na Rússia da ‘Grande Guerra Patriótica” da URSS contra a Alemanha nazista.

A celebração de ontem contou com 11 mil participantes e 131 veículos blindados. A parte mais aguardada, porém, não aconteceu: a organização cancelou o sobrevoo do Ilyushin Il-80, conhecido como o “avião do Juízo Final”, projetado para ser usado em caso de guerra nuclear. (Estadão Conteúdo e AFP)