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Novo surto de Covid-19

Novas restrições anticovid transformam Pequim em cidade fantasma

A China enfrenta há dois meses o surto epidêmico de Covid-19 mais grave desde o início de 2020

09 de Maio de 2022 às 10:17
Cruzeiro do Sul [email protected]
Pequim virou uma cidade fantasma, depois que as autoridades reforçaram as medidas anticovid
Pequim virou uma cidade fantasma, depois que as autoridades reforçaram as medidas anticovid (Crédito: Noel Celis/ AFP)

 

Milhões de moradores de Pequim voltaram a trabalhar de casa a partir desta segunda-feira (9), depois que as autoridades reforçaram as medidas anticovid, o que transformou a capital da China, de 22 milhões de pessoas, em uma cidade fantasma. A China enfrenta há dois meses o surto epidêmico mais grave desde o início de 2020. Embora os números de contágios sejam mínimos em comparação com o nível mundial, as autoridades mantêm o rigor na aplicação da política "covid zero" e impõem confinamentos em cidades inteiras quando alguns casos são detectados.

Depois de Xangai, a cidade de maior população do país e que está em confinamento desde o início de abril, Pequim está há uma semana sob restrições de deslocamentos e muitos locais públicos (restaurantes, cafés, academias, entre outros) estão fechados.

Nesta segunda-feira (9), as autoridades limitaram de maneira severa os acessos aos serviços não essenciais no distrito de Chaoyang, o mais dinâmico e de maior população da capital. O movimentado bairro comercial de Sanlitun, na zona leste de Pequim, estava deserto nesta segunda-feira. A loja da marca americana Apple, por exemplo, recebeu ordem de fechar as portas minutos depois de iniciar as atividades.

"Não me sinto confortável com poucas pessoas ao meu redor", disse à AFP Wang, uma funcionária de limpeza, enquanto esperava para entrar no restaurante em que trabalha. "Sou responsável pela desinfecção, não posso trabalhar de casa", acrescentou.

 Mudança para hotéis

Pequim anunciou nesta segunda-feira (9) 49 novos casos de Covid nas últimas 24 horas. A situação na capital é "grave e complicada", afirmou Xu Hejian, funcionário de alto escalão do governo da cidade, antes de pedir aos moradores de Pequim que não deixem a cidade. 

Ao mesmo tempo, o governo anunciou a exigência de teste anticovid com menos de 48 horas para permitir a entrada em locais públicos, como nos supermercado, por exemplo, e em prédios comerciais. Alguns trabalhadores do setor de finanças se mudaram para hotéis perto de seus escritórios comerciais. "Nossa empresa disse que deveríamos tentar não voltar para casa porque acredita que há riscos nos deslocamentos", afirmou um gestor de investimentos de Pequim que seguiu para um hotel próximo ao local de trabalho.

"Alguns amigos foram aconselhados a não usar transporte público para seguir até o trabalho, para seguir de carro ou bicicleta", acrescentou. Em Xangai, o número de contágios nesta segunda-feira (9) ficou abaixo de 4  mil, depois de superar 25.000 em 24 horas no fim de abril.

O atual surto epidêmico provocou mais de 500 mortes em Xangai, de acordo com números oficiais. A China registrou oficialmente pouco mais de 5.000 óbitos provocados pela Covid-19 desde o início da pandemia.

Depois de quase 40 dias de confinamento e alguns problemas de fornecimento de alimentos, os moradores de Xangai começam a mostrar sua irritação. No bairro de Zhuanqiao, várias pessoas enfrentaram no fim de semana funcionários do governo que usavam o traje de proteção integral anticovid, de acordo com um vídeo divulgado nas redes sociais.

"A polícia agiu rapidamente para dispersar os curiosos e retomar a calma", afirmaram as autoridades locais. As mesmas fontes anunciaram que "de acordo com uma investigação, os agitadores tinham comida suficiente em casa".

O confinamento na capital econômica da China, porto de entrada e saída de mercadorias, tem um grande impacto na economia do gigante asiático. No mês passado, as exportações da China registraram o menor ritmo de avanço em quase dois anos (+3,9%). Este foi o pior resultado das exportações chinesas desde junho de 2020 (+0,5%). (AFP)