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Internacional

Reunião na Turquia fracassa e Otan teme guerra mais mortal

Entre farpas, chanceleres sequer organizam corredores humanitários

11 de Março de 2022 às 00:01
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O russo Sergei Lavrov e o ucraniano Dmitro Kuleba (costas).
O russo Sergei Lavrov e o ucraniano Dmitro Kuleba (costas). (Crédito: AFP PHOTO / CEM OZDEL / TURKISH FOREIGN MINISTERY PRESS OFFICE)

O encontro de ontem na Turquia entre os chanceleres da Ucrânia, Dmitro Kuleba, e o da Rússia, Sergei Lavrov, terminou em troca de farpas entre os dois. O impasse diplomático ampliou os temores da Otan de que o cerco russo a cidades menores e a resistência ucraniana nos grandes centros torne o conflito mais mortífero e imprevisível.

No campo diplomático, as negociações em Belarus e na Turquia mal foram capazes de organizar corredores humanitários em cidades ucranianas cercadas pelas tropas russas. Acordos sobre uma eventual neutralidade da Ucrânia ou o status de áreas separatistas pró-Rússia não avançaram.

No front, os russos passaram a cercar mais cidades como Mariupol, Sumi, Chernihiv e Konotop, enquanto forças leais ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, vêm conseguido deter o avanço russo para Kiev, Kharkiv e em parte da costa do Mar Negro

Sem um fim claro para a fase militar do conflito, americanos e europeus avaliam que a guerra pode entrar numa fase com mais mortes de civis e crise humanitária. “A Rússia indicou que continuará os ataques até que seus objetivos sejam alcançados”, disse Kuleba após o encontro, ocorrido em Antália, na Turquia, e mediado pelo chanceler turco, Mevlut Cavusoglu. “Queremos uma Ucrânia amigável e desmilitarizada, uma Ucrânia na qual não haja risco de criação de outro Estado nazista, uma Ucrânia onde não haverá proibição da língua russa”, afirmou Lavrov.

Batalha

Em Mariupol, a situação é crítica, com mais de mil mortos -- o ataque russo a uma maternidade da cidade, na quarta-feira, matou três pessoas, incluindo uma criança.

Ontem, a Ucrânia abriu sete corredores humanitários para a retirada de civis em Mariupol, mas ninguém conseguiu deixar a cidade, segundo Yulia Svyrydenko, vice-premiê ucraniana. Já na região de Sumy, no norte da Ucrânia, mais de 12 mil civis foram retirados de carro e ônibus, segundo os serviços de emergência.

A maior dificuldade para abrir corredores humanitários é a discordância dos russos, que só permitem que os ucranianos fujam para a Rússia, e não para países da Europa.

Na avaliação dos aliados ocidentais, qualquer resultado para o conflito será negativo. Mesmo uma eventual derrota russa, provavelmente, deixaria a Ucrânia dizimada, com seus vizinhos europeus tendo de arcar com o peso da crise humanitária. “Quanto mais isso continuar, mais provável será que a Rússia acabe sendo derrotada, mas também mais provável que mais pessoas morram”, declarou um diplomata europeu. (Estadão Conteúdo com agências internacionais)