Buscar no Cruzeiro

Buscar

Internacional

Rússia anuncia tréguas locais para evacuar civis

Mais cedo, países divergiram sobre os corredores humanitários

08 de Março de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Mais de 1,7 milhão de pessoas já fugiram da Ucrânia.
Mais de 1,7 milhão de pessoas já fugiram da Ucrânia. (Crédito: DIMITAR DILKOFF / AFP)

A Rússia anunciou ontem (7) tréguas locais em várias cidades ucranianas a partir de hoje para permitir a evacuação de civis, após uma nova rodada de negociações para encontrar uma saída para o conflito. Ontem, mais 13 pessoas morreram no bombardeio de um padaria industrial a 50 quilômetros de Kiev.

“A Federação Russa anuncia um cessar-fogo a partir das 10h, horário de Moscou (4h de Brasília) de 8 de março” para a evacuação de civis de Kiev, bem como das cidades de Sumy, Kharkiv, Chernigov e Mariupol, informou a célula do Ministério da Defesa russo, em comunicado divulgado por agências de notícias russas.

Segundo Moscou, as novas rotas de evacuação serão comunicadas às autoridades ucranianas, que deveriam dar seu aval até a meia-noite de ontem (21h no horário de Brasília), prazo estabelecido pela Rússia.

Os dois países divergiram sobre o sucesso da terceira rodada de negociações. A parte ucraniana viu “resultados positivos” na questão dos corredores humanitários, mas Moscou assinalou que suas expectativas” não foram cumpridas.

Por sua vez, o negociador russo Vladimir Medinsky disse que as conversas com Kiev não estiveram “à altura das expectativas de Moscou” e que esperava resultados “mais significativos” no futuro.

O representante russo nas negociações ainda acusou a Ucrânia de impedir a evacuação de civis das zonas de combate e de usá-los direta e indiretamente até mesmo como escudos humanos, “o que é claramente um crime de guerra”.

A ofensiva russa, iniciada em 24 de fevereiro, provocou a fuga de mais de 1,7 milhão de pessoas da Ucrânia e um número ainda maior de habitantes estão deslocados dentro do país ou bloqueados em cidades bombardeadas pela Rússia.

Além disso, a situação humanitária se agrava a cada dia, com várias cidades sofrendo com a escassez de produtos básicos, como alimentos, eletricidade e água.

“Cinismo moral”

Mais cedo, o exército russo anunciou a suspensão temporária dos ataques em algumas regiões “com fins humanitários” e a abertura de corredores para retirar os civis de Kiev, Kharkiv, do porto cercado de Mariupol e da localidade de Sumy, perto da fronteira com a Rússia.

Metade dos corredores, porém, segue em direção à Rússia e Belarus, e o governo ucraniano rejeitou a proposta. “Não é uma opção aceitável”, disse a vice-primeira-ministra ucraniana Iryna Vereschuk. Ela afirmou que os civis retirados das cidades de Kharkiv, Kiev, Mariupol e Sumy “não vão para Belarus, para em seguida embarcar em um avião e seguir para Rússia”.

O presidente francês Emmanuel Macron, que conversou com Vladimir Putin no domingo, acusou o líder russo de hipocrisia e cinismo por sua proposta. “Não conheço muitos ucranianos que queiram se refugiar na Rússia (...). Nada disso é sério. É de um cinismo moral e político que me parece insuportável”, disse. (AFP)