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Internacional

Mídia russa esconde guerra da população

04 de Março de 2022 às 00:01
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Voluntários ucranianos tentam se aquecer em Luhansk.
Voluntários ucranianos tentam se aquecer em Luhansk. (Crédito: ANATOLII STEPANOV / AFP)

 

Enquanto os termos “guerra” e “invasão” estão barrados na imprensa russa, as TVs se referem à invasão da Ucrânia como “operação especial”, tal como definiu o presidente Vladimir Putin. A narrativa é de que a Ucrânia e o ocidente são os responsáveis pelos ataques em Kiev e as cidades ao redor. Para buscar uma alternativa, os russos se voltaram para a TV britânica.

Na última quarta-feira (2), a BBC, canal público do Reino Unido, divulgou um salto em sua audiência em língua russa. Foram 10,7 milhões de pessoas acompanhando o site de notícias em russo do canal em uma semana, um número recorde, e três vezes acima da audiência regular. No site em inglês o salto foi de 252%, para 423.000.

“A página ao vivo em russo cobrindo a invasão foi o site mais visitado em todos os serviços em língua não inglesa do Serviço Mundial da BBC, com 5,3 milhões de visualizações”, informou o serviço de imprensa do canal.

O motivo pode estar na própria cobertura russa da guerra. A BBC fez um levantamento das transmissões em canais russos na última terça-feira (1º), quando as forças russas avançavam sobre Kiev e bombardeavam Kharkiv, na Ucrânia. Segundo o canal, a TV russa anunciava que a Ucrânia era a responsável pelos ataques em suas próprias cidades.

Neste dia, o Channel One, um canal popular e controlado pelo Estado, anunciou a interrupção de sua programação regular às 5h30 locais, para anunciar que os horários da TV haviam sido alterados “devido a eventos conhecidos”. O boletim de notícias, então, passou a sugerir que os relatos sobre forças ucranianas destruindo equipamentos militares russos eram falsos, projetados para “enganar espectadores inexperientes”.

Outro canal, o NTV, que é de propriedade de uma subsidiária da Gazprom -- a gigante empresa de gás da Rússia -- concentrava a sua cobertura daquele dia nos eventos em Donbass, no leste da Ucrânia, onde a Rússia declarou na semana passada que estava iniciando sua “operação militar especial para desmilitarizar e desnazificar” o país. (Estadão Conteúdo)