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Internacional

EUA e Rússia retomarão negociações sobre crise na Ucrânia

Nas últimas semanas, o Kremlin enviou mais de 100 mil militares para a fronteira entre os dois países para pressionar Kiev a desistir de aderir à Otan

31 de Janeiro de 2022 às 09:07
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Na esquerda, presidente dos EUA, Joe Biden. Na direita, presidente da Rússia, Vladimir Putin
Na esquerda, presidente dos EUA, Joe Biden. Na direita, presidente da Rússia, Vladimir Putin (Crédito: Eric BARADAT and Pavel Golovkin / various sources / AFP))

Diplomatas russos e americanos devem se reunir nesta semana em um esforço para diminuir a tensão entre Moscou e aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em virtude da crise na Ucrânia. Nas últimas semanas, o Kremlin enviou mais de 100 mil militares para a fronteira entre os dois países para pressionar Kiev a desistir de aderir à Otan.

Em meio à crise, o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski pediu que os russos abandonem a retórica agressiva e negociem uma saída pacífica para o impasse. Já o Reino Unido declarou que nenhuma resposta está descartada caso os russos entrem em território ucraniano, onde, nos últimos anos, têm fomentado grupos separatistas, além de terem anexado a Península da Crimeia em 2014.

"Temos recebido sinais de que os russos estão interessados em conversar", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland. "O secretário (Antony) Blinken e o chanceler (Sergei) Lavrov provavelmente conversarão nos próximos dias. Queremos resolver isso diplomaticamente, mas, como Putin não descarta uma invasão, temos de estar preparados para isso também."

No começo de janeiro, negociações entre Lavrov e Blinken fracassaram em Genebra. O Kremlin insiste em obter garantias de que a Ucrânia não entrará na Otan, algo que americanos e europeus não estão dispostos a ceder.

O impasse ocorre porque o líder russo, Vladimir Putin, vê na expansão da Otan rumo a leste uma ameaça à segurança da Rússia. Em diversas oportunidades nos últimos 20 anos, o presidente pressionou a aliança atlântica a interromper a expansão. Desde dezembro, no entanto, Putin tem subido o tom, com ameaças militares explícitas contra a ex-república soviética.

Sanções

No Congresso americano, senadores estão otimistas em um acordo entre democratas e republicanos para punir a Rússia com sanções pesadas. O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o democrata Robert Menendez, acredita que sanções ajudarão a defender a Ucrânia e mandar um recado firme a Putin.

Ainda de acordo com o senador, é provável que o Congresso aprove algum tipo de sanção contra os russos antes mesmo de uma possível invasão. O governo ucraniano, por meio de sua embaixadora nos Estados Unidos, Oksana Marlarova, apoia a iniciativa. "A Rússia já nos invadiu para ocupar a Crimeia em 2014 e, oito anos depois, não mudou seu comportamento. Acreditamos que há bases para essas sanções", disse.

O governo britânico também fala abertamente em sanções contra a Rússia. "Vamos anunciar ao final desta semana uma melhora na legislação de sanções para que possamos atingir um amplo espectro de interesses russos de importância para o Kremlin", explicou a ministra das Relações Exteriores britânica, Liz Truss, à emissora Sky News.

Entre as sanções mencionadas, o Reino Unido e os Estados Unidos apontam ao gasoduto estratégico Nord Stream 2 entre a Rússia e a Alemanha ou até mesmo o acesso russo a transações em dólares.

Vários países ocidentais anunciaram nos últimos dias o envio de soldados para o leste da Europa, incluindo os Estados Unidos (que colocou 8.500 militares em alerta para reforçar a Otan) e a França, que deseja enviar várias centenas de soldados na Romênia.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, deve propor na próxima semana à Otan o envio de tropas para responder ao aumento da hostilidade russa contra a Ucrânia. O anúncio foi antecipado pelo secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

As autoridades de Kiev têm pedido aos ocidentais que permaneçam firmes e vigilantes nas negociações com Moscou, mas que não espalhem o pânico na população sobre uma possível invasão. (Estadão Conteúdo, com agências internacionais)