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Pandemia

Ômicron pode infectar metade dos europeus nos próximos 2 meses

Apenas na primeira semana do ano, a Europa viu mais de 7 milhões de novos casos da Covid-19

12 de Janeiro de 2022 às 00:26
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Franceses aguardam na fila para fazer o exame de Covid-19
Franceses aguardam na fila para fazer o exame de Covid-19 (Crédito: NICOLAS TUCAT / AFP (9/1/2021))

Com os índices de transmissão atuais, a variante Ômicron pode infectar mais da metade da população europeia entre as próximas seis a oito semanas, informou ontem (11) o braço regional da Organização Mundial da Saúde (OMS). A autoridade sanitária alerta, contudo, que apesar da cepa aparentemente causar menos quadros graves e mortes, ainda é cedo para tratar a Covid-19 como uma doença endêmica.

Apenas na primeira semana do ano, a Europa viu mais de 7 milhões de novos casos da Covid-19, disse o diretor regional da OMS, Hans Kluge. O levantamento leva em conta também a Rússia e países da Ásia Central, como a Armênia e o Azerbaijão, por exemplo. Cinquenta das 53 nações avaliadas pelo órgão já registram casos da cepa.

Nos 27 países da União Europeia, os diagnósticos na primeira semana do ano passam de 5,3 milhões. Sozinha, a França deve ultrapassar amanhã (13) mais de 350 mil infecções diárias, antecipou o ministro da Saúde Olivier Véran, batendo o recorde anterior de 332,2 mil contabilizado no dia 5. A variante mais contagiosa, afirmou Kluge, toma a região do “Oeste para o Leste”.

“Neste ritmo, o Instituto para as Métricas e Avaliações de Saúde projeta que mais de 50% da população da região será infectada pela Ômicron entre seis e oito semanas”, disse, em uma entrevista coletiva em Copenhagen, referindo-se a um centro de pesquisas da Universidade da Washington.

A onda mais recente da cepa, até o momento, é marcada por menos casos sintomáticos e menos mortes, especialmente entre os já vacinados. Se a média de casos diários na UE mais que triplicaram entre 10 de dezembro e 10 de janeiro, passando de 255,7 mil para 816 mil, as mortes diárias caíram no mesmo intervalo: passaram de quase 2 mil para 1,55 mil.

Gripe comum?

As evidências sugerem que a Ômicron afeta com mais intensidade o trato respiratório superior do que os pulmões, causando sintomas mais leves que outras cepas. Na segunda-feira (10), o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, sugeriu que talvez seja hora de avaliar a evolução da Covid-19 usando métodos similares ao de uma gripe comum, diante da queda de letalidade.

Isso significa tratar a Covid como uma doença endêmica ao invés de uma pandemia, sem registrar todos os casos e testar todos que apresentem sintomas. A OMS, por sua vez, voltou a repetir que ainda é cedo para classificar a variante como “leve”, destacando que as taxas de internação estão crescendo no continente e pondo sistemas de saúde sob pressão.

Segundo Catherine Smallwood, também do braço europeu da OMS, a proposta do líder espanhol está fora de cogitação neste momento. Para que a covid seja uma doença endêmica, ela afirmou, será necessária “a circulação estável do vírus de forma previsível”, algo bem distante do que ocorre atualmente.

“Ainda há uma grande quantidade de incerteza e um vírus que se desenvolve rapidamente, impondo novos desafios. Certamente não estamos em um momento em que é possível chamá-lo de endêmico”, disse Smallwood. “Isso pode acontecer, mas tachar que será em 2022 é um pouco difícil nesta fase.”

Ao menos no Reino Unido, o primeiro epicentro da Ômicron na Europa, a situação parece estar se estabilizando. A média móvel de diagnósticos atingiu um pico de 182,9 mil no dia 5, caindo para 171,6 na segunda-feira (10).

Hoje o Reino Unido registra diariamente uma média de 191 óbitos, em sua maioria não vacinados. O número é maior que as estatísticas na casa das unidades registradas durante os meses de verão boreal, mas uma fração das quase 1.250 mortes vistas diariamente há um ano, antes das campanhas de vacinação se tornarem abrangentes. (Das agências internacionais)