Câmara aprova urgência de projeto que reduz isenção fiscal
Corte seria de, no mínimo, 10% em beneficios federais entre 2025 e 2026
A Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira (8), em votação simbólica, o regime de urgência para a tramitação do projeto de lei que propõe um corte linear de, no mínimo, 10% em benefícios fiscais federais de natureza tributária, financeira e creditícia, no período de 2025 e 2026.
De autoria do deputado Mauro Benevides (PDT-CE), o texto prevê uma redução gradual, com no mínimo 5% neste ano e no mínimo 5% no ano que vem. Os porcentuais poderão ser diferenciados por setor econômico. Além disso, conforme o projeto, fica vedada a concessão de novos benefícios da mesma natureza, assim como a prorrogação dos já existentes, salvo se houver redução simultânea de outros benefícios de mesma natureza e em valor equivalente.
A aprovação ocorre na semana seguinte à votação do regime de urgência para um projeto do senador Esperidião Amin (PP-SC) sobre regras para isenções fiscais. Já aprovado no Senado, o texto altera a Lei de Responsabilidade Fiscal para prever que qualquer proposição legislativa que trate de concessão, ampliação ou renovação de qualquer incentivo ou benefício de natureza tributária que implique renúncia de receita para pessoa jurídica terá prazo de vigência não superior a cinco anos, com permissão para renovação periódica.
Havia uma vontade da liderança do governo na Câmara de usar o projeto de Amin como um guarda-chuva para pelo menos parte das discussões da Casa sobre isenções fiscais, na esteira da discussão das medidas alternativas ao aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF). Uma das ideias iniciais era a de apensar ao projeto textos considerados “mais fortes”, inclusive o de Benevides. No entanto, o deputado conseguiu recolher as assinaturas necessárias para requerer a urgência de seu projeto
Há uma corrente na Câmara que defende que a Casa vote, antes mesmo do recesso, o projeto de Amin. Uma das ideias ventiladas seria inclusive a de que Mauro Benevides fosse o relator do texto em plenário. Os deputados que defendem tal estratégia consideram que seria possível aprovar o texto de Amin como uma primeira base da discussão da Câmara sobre as isenções fiscais e a partir daí avançar sobre o corte dos benefícios. No entanto, ainda não há acordo sobre essa possibilidade.
Ministra
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou na terça-feira (8), que 2026 será um ano desafiador para as contas públicas, mas que haverá um compromisso do governo para seguir o arcabouço fiscal e manter a meta fiscal. “O ano de 2026 vai ser um ano desafiador. Temos uma meta de resultado primário que, diria, possível e factível — e ela é —, mas desafiadora. Temos como centro da meta um superávit primário de 0,25% do PIB”, afirmou.
Simone Tebet também reconheceu a dificuldade de parlamentares de cortar incentivos fiscais. Segundo ela, “quando se mexe com interesse, os lobbies vêm”. Segundo ela, há pelo menos 150 tipos de gastos tributários no Brasil. “Na hora que abrimos isso, sempre tem alguém dizendo que vai gerar desemprego”, declarou durante audiência da Comissão Mista de Orçamento (CMO). (Estadão Conteúdo)