Brics sofrem pressão após ameaças tarifárias de Trump
Presidente norte-americano falou em adicional de 10% no imposto de importação
Embora tivessem apostado na cautela, os países do Brics reunidos na cúpula no Rio de Janeiro não conseguiram evitar novas ameaças tarifárias de Donald Trump, que afirmou que imporá um adicional de 10% a países alinhados com esse grupo considerado por ele como “antiamericano”.
Em meio à expectativa pela iminente imposição de tarifas a vários países, aumentou a tensão entre a principal potência mundial e esse bloco formado por economias emergentes como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Os membros do Brics expressaram no domingo (6), em uma declaração conjunta no Rio de Janeiro, sua “séria preocupação” com as medidas tarifárias unilaterais que “distorcem o comércio” mundial.
Apesar de terem evitado mencionar expressamente Trump ou os Estados Unidos, o ex-presidente republicano pareceu se sentir diretamente atingido. “A qualquer país que se alinhe com as políticas antiamericanas do Brics será cobrada uma tarifa adicional de 10%”, reagiu Trump em sua plataforma Truth Social.
A secretária de Comunicação e porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou em coletiva de imprensa que Trump acredita que o Brics está “tentando minar os interesses dos EUA”.
China e Rússia buscaram acalmar os ânimos, enquanto o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva voltou a desafiar o magnata republicano. “Se [Trump] achar que ele pode taxar, os países têm o direito de taxar também. Existe a lei da reciprocidade”, advertiu Lula, que considerou “muito equivocado e muito irresponsável um presidente ficar ameaçando os outros em redes digitais”.
O governo chinês disse que “tem declarado repetidamente sua posição de que as guerras comerciais e tarifárias não têm vencedores e que o protecionismo não é o caminho a seguir”. O governo russo também garantiu que a posição do bloco não está dirigida contra ninguém.
Trump também anunciou ontem (7) a imposição de uma tarifa de 25% sobre “quaisquer produtos” do Japão e da Coreia do Sul enviados ao país, a partir de 1º de agosto. O americano destacou ainda que essas sobretaxas de 25% serão “separadas de todas as tarifas setoriais”.
Em outro comunicado, Trump também anunciou a imposição de novas tarifas de importação sobre produtos de Laos, Mianmar, Malásia, Casaquistão e África do Sul. Segundo os comunicados oficiais, produtos do Laos e de Mianmar serão taxados em 40%, enquanto as importações de Malásia e Casaquistão enfrentarão tarifas de 25%. Para a África do Sul, o porcentual será de 30%. (AFP e Estadão Conteúdo)