Brasil, livre da febre aftosa, espera ampliar exportação

Produtores pretendem acessar mercados mais exigentes para a carne bovina

Por Cruzeiro do Sul

País obteve reconhecimento da Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA)

Oficialmente reconhecido como país livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA), o Brasil quer aproveitar esse passo, considerado histórico, para ampliar as exportações de carne bovina para mercados mais exigentes — e mais bem remunerados. A conquista marca o fim de um processo iniciado há mais de três décadas, com investimentos robustos, tanto do governo federal quanto estaduais e da iniciativa privada, em programas de vacinação e vigilância sanitária.

“Como já faz mais de uma década que não temos nenhum surto de febre aftosa — ou seja, os programas de vacinação surtiram efeito —, a principal vantagem agora é que podemos acessar mercados mais exigentes, que pagam mais pela mercadoria. É claro que isso não acontece de forma instantânea, vai ter negociação, vai levar tempo, mas existe essa possibilidade”, explicou o CEO da Scot Consultoria, Alcides Torres, ao Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O reconhecimento internacional chega em um momento estratégico. O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina, e a nova chancela pode ajudar o País a se consolidar também nos mercados de maior valor agregado, hoje cobertos principalmente pelos Estados Unidos e Austrália. A expectativa mais concreta é com o Japão, que deve concluir ainda este ano a habilitação do sistema sanitário brasileiro para passar a adquirir a carne bovina brasileira.

“A declaração do Brasil como livre de aftosa sem vacinação chama a atenção principalmente porque, em tese, os mercados que o Brasil já atende com outras proteínas animais podem ser ampliados. E esses mercados são justamente os que pagam mais pela tonelada de carne bovina, como Japão e Coreia do Sul, entre outros”, acrescentou Torres. Atualmente, o Brasil é fornecedor global, principalmente, da carne ‘commodity’, ou seja, que é ingrediente para misturas com outras carnes, como hambúrguer.

Além de Japão e Coreia do Sul, com os quais o Brasil já está em tratativas, o País também mira outros mercados, como Indonésia e Filipinas, para exportações de miúdos bovinos, além da Turquia. Também há planos para revisar os protocolos de exportação com países que já importam carne brasileira, com o objetivo de negociar melhores condições de comercialização da proteína.

Além de abrir mercados, o novo status também implica redução de custos para o produtor. A vacinação contra a febre aftosa era realizada mais de uma vez por ano, causando gastos com vacinas, mão de obra e manejo. (Estadão Conteúdo)