Ajuda, mas não resolve
Governo anuncia suspensão da dívida do RS por 36 meses
Ministro disse que recursos serão contabilizados fora da meta fiscal
O governo federal anunciou proposta enviada ao Congresso de suspensão da dívida do Rio Grande do Sul por 36 meses para que o Estado tenha recursos a fim de se reconstruir depois da devastação causada pelas enchentes. O anúncio foi feito ontem (13) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao lado do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em uma videoconferência com o governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), e outras autoridades.
O governador afirmou que a medida de suspensão da dívida não é o suficiente, mas representa um “passo”. Segundo ele, será preciso pensar em “soluções mais perenes” de longo prazo para o Estado. “Infelizmente não posso dizer que será suficiente essa medida. Vamos precisar de outros tantos apoios, outras frentes”, acrescentou Leite.
O ministro da Fazenda afirmou que o poder público não pode economizar para reparar o dano causado pelas chuvas no Rio Grande do Sul, já que a infraestrutura destruída no Estado, se não for recuperada, pode colocar o crescimento econômico em risco. Questionado sobre como o socorro poderia influenciar no alvo fiscal da equipe econômica, que quer zerar o déficit neste ano, Haddad reforçou que os recursos não são contabilizados na meta.
“É uma contabilidade completamente segregada”, respondeu o ministro, argumentando que um evento extraordinário precisa ser cuidado de forma extraordinária. “Ninguém vai misturar uma coisa com outra. É um evento extraordinário. Um evento extraordinário precisa ser cuidado de forma extraordinária. Você não pode num momento desse deixar de atender em função de uma questão que pode ser resolvida no ano que vem. Vamos fazer o atendimento porque nenhum brasileiro vai conviver com essa tragédia e cruzar os braços”, afirmou.
Haddad evitou entrar nas discussões sobre o tamanho da ajuda que será necessária para recuperar o Estado. “Somos prudentes em falar em números. Estamos fazendo medidas ao Rio Grande do Sul com critério, para termos clareza de que o recurso é necessário”, afirmou o ministro, respondendo que não há um limite preestabelecido para socorrer o Rio Grande do Sul.
“Vamos ter que reparar o dano que foi causado. Isso vai exigir da nossa parte muita transparência, controle, conversas permanentes com os tribunais de contas para que a gente tenha foco nas famílias que precisam na infraestrutura que vai garantir a recuperação econômica do Estado. Não podemos colocar o crescimento econômico do País a perder em função da falta de estrutura. Precisa de aeroporto, estrada. Se você economizar agora nisso, você vai ter um prejuízo no crescimento econômico”, disse Haddad. (Estadão Conteúdo)