Economia
Petróleo sobe mais de 6% com corte de produção da Opep+
Redução será de 1,66 milhão de barris por dia
O preço do petróleo avançou ontem mais de 6% após anúncio da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) de que vai cortar 1,66 milhão de barris por dia de sua produção. A medida vem num momento de alta de inflação na maioria dos países e reacendeu o temor entre analistas de efeito nas taxas de juros.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para maio subiu 6,28%, a US$ 80,42 o barril, enquanto o Brent para junho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), teve ganho de 6,31%, a US$ 84,93 o barril.
Como efeito, houve forte demanda por ações do setor de energia, o que ajudou a sustentar nos EUA as altas de 0,98%, do Dow Jones, e de 0,37% do S&P 500. No Brasil, os papéis da Petrobras avançaram entre 4,43% (PN) e 4,76% (ON), amenizando o impacto de queda de ações de outros setores no Ibovespa -- que terminou o dia com recuo de 0,37%.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, criticou a medida da Opep+. “Não achamos que os cortes de produção são aconselháveis neste momento, dada a incerteza do mercado, e deixamos isso claro.”
O corte de produção e a valorização do preço do barril no mercado internacional não devem ter efeitos imediatos sobre os preços de derivados praticados no Brasil pela Petrobras, na avaliação de Marcelo de Assis, analista de óleo e gás da Wood Mackenzie. Mas ele acrescenta que, com o novo quadro, “diminui bastante” o espaço para quedas de preços em refinarias, sobretudo no caso da gasolina.
Ele lembra que, de um lado, a companhia ganha em receita, por ser produtora e exportadora de petróleo, mas sofre aumento de pressão política e inflacionária relacionada ao combustível. Já Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, afirma que o preço nas bombas só terá um aumento expressivo se o barril ultrapassar os US$ 90. Se esse for o caso, avalia ele, haveria uma melhora do lado fiscal, já que governo arrecada mais, mas poderia haver uma piora para a trajetória da inflação no País.
Professor de MBAs da FGV, Mauro Rochlin vê outra questão: a indefinição sobre a nova política de preços da Petrobras. Há incertezas se os preços continuarão atrelados aos valores negociados no mercado internacional. O presidente da estatal, Jean Paul Prates, afirmou no começo de março que não haverá intervenção do governo, mas que a política de paridade de importação (PPI) pode mudar. (Estadão Conteúdo)