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Economia

Campos Neto vê trajetória sustentável de crescimento

Evento de empresários em Nova York contou com ex-presidentes do BC

16 de Novembro de 2022 às 00:02
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Presidente do BC acredita que cenário externo vai colaborar
Presidente do BC acredita que cenário externo vai colaborar (Crédito: ANTONIO CRUZ / ARQUIVO AGÊNCIA BRASIL)

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse ontem que a velocidade de resposta dada pelo Brasil, em meio ao contexto de crise mundial, associada ao “plano coeso com responsabilidade fiscal” levará ao início de uma trajetória sustentável de crescimento econômico, com juros baixos. A expectativa, acrescentou, é de que o cenário externo colabore para essa melhora.

A afirmação foi feita durante o Lide Brazil Conference, em Nova York (EUA), evento que debate o cenário do País para os próximos anos, do ponto de vista da economia, da democracia e da liberdade.

O painel de ontem contou com a participação do atual presidente e dos ex-presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles e Pérsio Arida, que atualmente integra a equipe técnica de transição do governo Lula. Contou também com a participação do presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney.

Campos Neto iniciou o discurso falando sobre os efeitos da pandemia no cenário mundial e, especificamente, no Brasil.

A chegada da pandemia, disse o presidente do BC, levou vários países a projetarem uma “grande depressão”. No entanto, graças ao “efeito coordenado” articulado entre diversos países, a depressão acabou ficando “moderada”.

Em meio a esse processo, “as economias tiveram dificuldade de entender efeitos e implicações. Vimos que preços de bens subiram muito e não voltaram até hoje. E que (o setor de) serviços caiu muito, mas começou a voltar”.

Campos Neto disse que, nesse contexto, “o BC atuou rápido e foi o primeiro a subir juros”.

“Provavelmente o mundo externo vai começar a ajudar. Entendemos que, (mantendo) um plano coeso com responsabilidade fiscal vamos iniciar uma trajetória sustentável, com juros baixos”, disse.

Responsabilidade fiscal

O ex-presidente do BC Henrique Meirelles apresentou algumas sugestões de medidas que podem conciliar investimento e responsabilidade fiscal. Segundo ele, todas as “licenças para gastar precisam ter limite”.

Para garantir recursos, Meirelles sugeriu o “fechamento de estatais que perderam a necessidade de existir”, disse ele usando como exemplo “a empresa instituída para a construção do trem-bala”. “Hoje ela representa apenas gasto”, acrescentou.

As necessidades de aumento de despesas existem, mas segundo Meirelles há “espaço para corte”, referindo-se a benefícios tributários. “Com isso, teremos orçamento para os próximos anos, o que nos dará condições para fazermos investimentos e crescer de forma sustentável. Com previsibilidade, o que é muito importante”.

“Assegurado o crescimento do País, com estabilidade fiscal, a questão é a de como crescer melhor. Nesse sentido, tem a questão das reformas”, acrescentou, ao defender medidas que visam desburocratizar o processo de registro de empresas, o que estimularia o empreendedorismo do brasileiro.

O presidente da Febraban, Isaac Sidney, disse que o Brasil tem “experimentado crescimento medíocre nas últimas décadas”, e que o País “não pode se acostumar com isso”. “Na última década crescemos, por ano, em media, 0,5%. Não podemos seguir assim. Temos de olhar para a frente, buscando consenso, serenidade e ânimo”, disse. (Agência Brasil)