Economia
Dólar cai 2,54% e Bolsa sobe 1,31% após eleição
O mercado financeiro reagiu com tranquilidade à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa presidencial deste ano. Ontem, o dólar fechou em forte queda, e o Ibovespa -- principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3 -- registrou alta. Entre os analistas, a leitura é de que Lula precisa começar a sinalizar nomes da sua equipe econômica para evitar uma piora de humor tanto no câmbio quanto no mercado acionário.
O dólar encerrou o dia negociado a R$ 5,1659, em queda de 2,54%. Já o Ibovespa subiu 1,31%, aos 116.037 pontos.
“A tendência é de o mercado acalmar um pouco”, diz Alvaro Bandeira, economista e consultor financeiro. “Agora, depende de três coisas: o Bolsonaro ainda não se posicionou, como vai se dar a transição de governo e o Lula começar a anunciar os ministros.”
Há expectativa de que Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa petista, possa liderar a equipe de transição, o que seria bem recebido pelo mercado financeiro.
Durante a campanha presidencial, Lula foi vago nas suas propostas para a economia. Ele criticou o teto de gastos, a regra que limita o crescimento da despesa à inflação do ano anterior, por exemplo, mas não disse qual será a sua política fiscal a partir de 2023. Também optou por não indicar um nome para liderar a área econômica -- um sempre lembrado é o de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central nos dois primeiros governos do petista.
“A volatilidade deve imperar nos próximos dias ao sabor da transição e dos nomes que comporão a equipe econômica”, afirma Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos.
O fato de o petista precisar negociar com um Congresso de perfil mais conservador também faz com que os investidores acreditem num governo pragmático na economia, mais parecido com a primeira gestão de Lula na Presidência (2003 a 2006).
Estatal
Embora o Ibovespa tenha subido, as ações de estatais recuaram com força ontem. Os papéis da Petrobras caíram mais de 7%, e os do Banco do Brasil perderam quase 6%.
“O nosso entendimento é de que a Bolsa está atrativa, com muitos papéis com potencial de valorização”, afirma Isabel Lemos, gestora de renda variável da Fator Administração de Recursos. “Mas, num primeiro momento, até algumas empresas com algum potencial passam por um ajuste, porque o investidor acredita que possa haver um pouco de intervenção (do governo)”, observa. (Estadão Conteúdo)