Economia
IPCA-15 recua 0,37% e indica 3º mês de deflação
Prévia da inflação, medida pelo IBGE, baixou pressionada pelos grupos de transportes e alimentação
Após nova rodada de redução nos preços dos combustíveis (9,47% mais baratos), a prévia da inflação oficial no País voltou a cair em setembro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) caiu 0,37%, o recuo mais acentuado para o mês desde 1998, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em agosto, o IPCA-15 tinha registrado deflação de 0,73%. Se confirmada a nova deflação, será o terceiro mês seguido no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) -- a inflação oficial, que foi de 0,68% em julho e 0,36% em agosto.
O resultado de setembro ficou perto do piso das estimativas dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam queda entre 0,06% e 0,39%, com mediana negativa de 0,20%. O acumulado pelo IPCA-15 em 12 meses recuou de 9,60%, em agosto, para 7,96% em setembro.
O IPCA-15 trouxe um resultado “surpreendentemente positivo” na avaliação da economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta. Ela pondera que alguns núcleos ainda mostram níveis de preços elevados. Seis dos nove grupos de produtos e serviços registraram altas de preços em setembro. A deflação foi concentrada nos grupos transportes (-2,35%), alimentação (-0,47%) e comunicação (-2,74%), conforme o IBGE.
O estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, diz que “o dado reforça que o ciclo de aperto chegou ao fim e que agora a discussão é quando o Banco Central começa a cortar juros”. Ele espera manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% até julho, com cortes consecutivos até descer a 11,25% no fim de 2023.
Alimentação
A alimentação no domicílio caiu 0,86% em setembro. A queda foi puxada por recuos no óleo de soja (-6,50%), tomate (-8,04%) e, principalmente, leite longa vida (-12,01%). Apesar da redução em setembro, os preços do leite ainda acumulam uma alta de 58,19% no ano.
Na direção oposta, houve pressão de aumentos na cebola (11,39%), frango em pedaços (1,64%) e frutas (1,33%). A alimentação fora do domicílio subiu 0,59% em setembro. O lanche aumentou 0,94% e a refeição fora de casa teve elevação de 0,36%.
A deflação no grupo transporte foi puxada pela queda de 9,47% no preço dos combustíveis. A gasolina caiu 9,78%, maior contribuição negativa para o IPCA-15 do mês, -0,52 ponto porcentual. Houve quedas também no etanol (-10,10%), gás veicular (-0,30%) e óleo diesel (-5,40%).
Na direção oposta, as passagens aéreas subiram 8,20%. Houve altas ainda no seguro voluntário de veículo (1,74%), emplacamento e licença (1,71%) e conserto de automóvel (0,62%). (Estadão Conteúdo e Redação)