Consumo de energia sobe em meio à crise elétrica

Por Estadão Conteúdo

Alta no País foi de 7,7% em junho e deve crescer mais.

Enquanto o nível dos reservatórios não para de cair, o consumo de energia elétrica vai na direção contrária e já supera o patamar pré-pandemia. Em junho, o consumo total do Brasil cresceu 12,5% em relação a igual período de 2020, sendo puxado sobretudo pelo setor industrial, com expansão de 19,4%, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). No ano, o uso da eletricidade em todo o País subiu 7,7% e deve continuar em alta nos próximos meses, apesar do crescente risco de desabastecimento.

Os setores comercial e residencial também tiveram reação, com altas de 19% e 4,9%, respectivamente. O consumo de energia no ano é superior ao verificado em 2019, antes da pandemia. Se por um lado esse aumento indica melhora na atividade econômica, por outro pode pressionar ainda mais o sistema elétrico, que vive crise devido ao baixo nível das hidrelétricas. Até quarta-feira, o nível dos reservatórios do sistema Sudeste/Centro-Oeste, responsável por 70% da capacidade de armazenamento do País, estava em 24,64%, ante 28,92% de junho. Algumas hidrelétricas, como as da bacia do Rio Paranaíba, tinham volume de água abaixo de 15%.

“Diante de uma demanda em alta e oferta (água) em baixa, o risco é de não termos energia para todos em alguns horários do dia”, diz o professor da UFRJ Nivalde de Castro, coordenador-geral do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel).

O governo, que nega o risco de racionamento, pretende iniciar em 1º de setembro programas para incentivar indústrias e consumidores residenciais a economizarem energia. Desde junho, o Ministério de Minas e Energia (MME) vem desenhando medidas voltadas para grandes consumidores que, voluntariamente, se disponham a reduzir ou evitar o consumo de energia em determinados horários. Mas, com o agravamento da crise, a pasta também planeja compensar consumidores residenciais que economizarem energia, o que provavelmente será feito por meio de descontos nas contas de luz. (Estadão Conteúdo)