Buscar no Cruzeiro

Buscar

Economia

Com geada, estimativas de inflação superam 7%

Produtores rurais tiveram perdas, que vão incidir no preço dos alimentos

31 de Julho de 2021 às 00:01
Estadão Conteúdo [email protected]
Em Piedade, na região, frio excessivo prejudicou plantações.
Em Piedade, na região, frio excessivo prejudicou plantações. (Crédito: REPRODUÇÃO)

As geadas da semana passada e as esperadas até amanhã vão pressionar o preço dos alimentos e se somar a um cenário já complexo para a inflação, que está fazendo economistas reverem as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2021. As estimativas começam a ultrapassar os 7%, quase dois pontos porcentuais acima do teto para a inflação perseguido pelo Banco Central. Se isso se verificar, o País registrará neste ano a maior inflação desde 2015, quando foi de 10,67%.

O Santander, por exemplo, prevê hoje um IPCA de 6,7%, mas, diante da alta esperada nos alimentos e da crise hídrica -- que deve pressionar os preços em geral --, os economistas do banco já falam em patamares mais elevados. “Com todos os riscos atuais, a cara do IPCA é mais para 7,3%”, diz o economista Daniel Karp.

A XP, que ainda projeta 6,7%, divulgou um relatório ontem em que afirma ver a possibilidade de que o aumento dos preços ultrapasse os 7%. Segundo a economista Tatiana Nogueira, autora do documento, a empresa deve esperar o início da semana que vem para analisar o impacto das geadas e, então, mudar oficialmente sua estimativa para a inflação.

As projeções atuais contrastam com o que se esperava no início do ano, quando se tinha a expectativa de que os preços aumentassem por volta de 3,5% em 2021.

Por enquanto, as produções de café, hortaliças e frutas foram as que tiveram as maiores perdas. Com a redução da oferta, os preços devem subir rapidamente. A XP calcula que esse efeito possa significar mais 0,1 ponto porcentual ao IPCA. “Apesar de ser um aumento menor, esse risco é o mais provável. Os agricultores já estão reportando perda na produção. Isso vai bater provavelmente nos preços coletados na semana que vem”, diz Tatiana, da XP. O outro risco no radar da economista é uma elevação maior nos preços dos serviços em decorrência da reabertura da economia. Segundo ela, esse movimento pode acrescentar mais 0,2 ponto porcentual à inflação.

No campo

Só no Estado de São Paulo, a perda na produção deve ficar, em média, entre 15% e 20%, de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faesp). O vice-presidente da entidade, Tirso Meirelles, classificou a geada da semana passada como a pior desde 1975 para o setor.

As geadas causaram prejuízo em praticamente todo o interior do Estado. Em Itapetininga, na região de Sorocaba, 20 hectares de pasto cultivados pela criadora Maria Cândida Soares Silva terminaram de “queimar”. Ela precisou alimentar com ração no curral as vacas de leite da raça Jersey.

Em Piedade, também na região de Sorocaba, houve perda de morangos. Em Apiaí, plantações de banana foram atingidas. Alguns produtores salvaram parte da produção ensacando os cachos. Também houve prejuízos no Vale do Ribeira, maior região produtora de bananas do Estado. (Estadão Conteúdo)