Governo prepara BIP e BIQ, para os jovens

Por Estadão Conteúdo

O ministro da Economia, Paulo Guedes.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, repetiu ontem que o governo tem um “olhar especial” para os trabalhadores mais vulneráveis e voltou a citar os estudos para lançamento em breve do Bônus de Inclusão Produtiva e o de Qualificação (BIP e BIQ). “Queremos evitar o efeito cicatriz dos jovens que estão chegando ao mercado de trabalho e não encontram empregos. No BIP, governo vai pagar R$ 300 de um lado, e as empresas R$ 300 de outro lado, pagando para darem cursos de qualificação. O jovem será treinado para desempenhar o papel que depois será o seu emprego. Algumas empresas importantes, McDonalds, já têm conversado com governo”, adiantou.

Segundo o ministro, o governo tem os recursos necessários para bancar o programa ainda em 2021. “Temos os recursos para esse ano, mas em vez de lançar um contrato de seis, estamos tentando arrumar fontes para 2022, para que o contrato possa ter um ano, pelo menos”, completou.

Guedes voltou a destacar a resiliência da economia brasileira na crise. “Agora essa nova geração de programas ajudarão a empregar também os invisíveis. Não só vamos formalizar o trabalho, como vamos criar uma rampa de ascensão social. O Brasil já atravessou a onda do impacto econômico, agora temos que resistir à Covid”.”

O secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, voltou a argumentar que o custo do emprego é um dos grandes problemas do Brasil. “A baixa qualificação muitas vezes faz com que o custo do salário e dos encargos seja maior que o valor produzido pelo funcionário. Por isso precisamos reduzir o custo do trabalho e ampliar a qualificação”, avaliou.

“O público do BIP é mercado informal, que sequer tem acesso a oportunidades de emprego. Não é o emprego, é uma rampa de acesso para o emprego. Em segundo lugar, temos que agregar segurança jurídica ao mercado de trabalho. Os pilares incluem redução de encargos do trabalho com qualificação, segurança jurídica e desburocratização”, disse Bianco.

‘Efeito substituição’

O secretário admitiu que o BIP e o BIQ podem sim fomentar as empresas por meio do “efeito substituição” dos salários de trabalhadores jovens, mas alegou que o programa é diferente da concessão de subsídios diretos para as companhias.

“Pode gerar ‘efeito substituição’, mas certamente gera produtividade, não é bom?”, respondeu. “Eu só posso gerar produtividade se der oportunidade para os jovens. Não há um centavo de dinheiro público para a empresa. Não tem problema nenhum em fomentar a empresa por via reflexa, desde que seja aberto a todas as empresas, que seja horizontal e transparente”, acrescentou Bruno Bianco. (Estadão Conteúdo)