Primeiro santo millennial é canonizado pela Igreja Católica

Ele usava calça jeans, jogava PlayStation e curou a pancreatite de um garoto brasileiro em 2013

Por Cruzeiro do Sul

"A internet é um presente (...) você decide se vai transformá-la em um lixão... ou em um altar‘, dizia Carlo

Carlo Acutis, o primeiro santo de calça jeans, que jogava PlayStation e torcia para a Inter de Milão, será canonizado hoje (7). Conhecido como o “influencer de Deus”, mostrou que a santidade é possível para um adolescente comum, apaixonado por tecnologia e pela fé. Entre seus milagres, a cura do menino brasileiro Mateus Vianna, em Campo Grande (MS). O segundo milagre, exigido pela Igreja para a canonização, foi alcançado por uma jovem da Costa Rica, na América Central.

Carlo era ítalo-britânico e morreu de leucemia aos 15 anos, em 2006, em Monza, Itália. Segundo a Igreja, por intercessão dele, Matheus se curou de uma pancreatite grave, em 2013, em condições não explicadas pela medicina. Considerado o primeiro santo “millennial” da Igreja, por ter nascido no final do século 20, Carlo será também o “padroeiro da internet” por usar esse meio para difundir a fé católica.

A canonização será a primeira realizada pelo papa Leão XIV, embora o processo tenha sido conduzido pelo papa Francisco. A cerimônia estava marcada para abril deste ano, mas foi adiada devido à morte do pontífice.

Na quinta-feira (4), a imagem do novo santo foi pendurada na Basílica de São Pedro, em cuja praça será realizada a solenidade deste domingo, prevista para as 10h, horário do Vaticano — 5h no horário de Brasília. Também foi lançado um selo postal em homenagem ao santo.

Em Campo Grande, onde se deu o milagre reconhecido pelo Vaticano, a arquidiocese vem realizando homenagens desde o dia 1º. Um pulôver azul usado pelo jovem Carlo foi levado em carro dos bombeiros até a Paróquia de São Sebastião, onde ficou exposto em uma redoma de acrílico. Neste domingo, a cerimônia celebrada pelo papa será mostrada ao vivo em telões na mesma paróquia, a qual pertence a capela onde se deu o milagre.

Exames médicos posteriores atestaram a cura e, em 2020, o milagre foi aprovado pelo Vaticano, levando à beatificação de Carlo. “Todos os dias eu agradeço a Deus e ao santo Carlo Acutis pela graça do milagre. Eu não me canso de agradecer por meu neto estar vivo e até o fim da minha vida vou orar para o novo santinho da nossa igreja”, diz Solange Maria do Prado Lins Vianna, avó de Matheus.

O protagonista do milagre tem autismo e, com o falecimento de sua mãe, em junho do ano passado, está sob os cuidados da avó. Ela conta que, neste domingo, o levará até a capela onde se deu o milagre da cura, hoje conhecida como Capela do Milagre, para assistirem juntos a canonização.

“Na geração digital, onde as telas ocupam cada vez mais espaço, Carlo surge como sinal de contracultura: um adolescente que sabia usar a tecnologia sem perder o essencial. Seu testemunho se aproxima ainda mais de nós brasileiros, pois foi em Campo Grande e aconteceu o milagre reconhecido pelo Vaticano (...). Após o contato da família com uma relíquia de Carlo e a intercessão confiada ao jovem beato, o órgão foi completamente restaurado, surpreendendo médicos e especialistas”, afirma em um artigo o padre Rodrigo Natal.

“Carlo dizia: ‘A internet é um presente (...) você decide se vai transformá-la em um lixão... ou em um altar”, diz um trecho do livro São Carlo Acutis: uma biografia, do escritor Jesús María Silveyra. (Da Redação, com informações do Estadão Conteúdo)