Bolsonarismo paulista rejeita candidatura de Ricardo Nunes ao governo de SP

Aliados de Jair Bolsonaro defendem que sucessão seja disputada por nome claro com a direita

Por Cruzeiro do Sul

Embora negue publicamente, Nunes já se movimenta nos bastidores para disputar o Palácio dos Bandeirantes

A candidatura de Ricardo Nunes (MDB) ao governo de São Paulo enfrenta forte resistência do bolsonarismo paulista, que, em sua maioria, descarta apoiar outra empreitada eleitoral do prefeito. Para o grupo, o apoio à reeleição do emedebista no ano passado custou caro ao campo, sobretudo pela presença do ex-coach Pablo Marçal (PRTB) na disputa - nome com apelo ideológico e identificação com eleitorado de Jair Bolsonaro (PL). Agora, aliados do ex-presidente defendem que a eventual sucessão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) seja disputada por um nome com identidade clara com a direita. Procurado, Nunes afirmou que pretende cumprir os quatro anos de mandato. Disse ainda que estão “atacando o lado errado” e que continua “focado em resultado”.

Embora negue publicamente, Nunes já se movimenta nos bastidores para disputar o Palácio dos Bandeirantes, ainda que o plano esteja atrelado à candidatura presidencial de Tarcísio, que segue incerta. Nos corredores do Edifício Matarazzo - sede do Poder Executivo paulistano - o projeto eleitoral do emedebista é tratado abertamente, o que tem irritado bolsonaristas, que insistem no discurso de que Bolsonaro será candidato e Tarcísio disputará a reeleição para o governo estadual.

A tensão entre Nunes e os bolsonaristas cresceu após o secretário municipal de Segurança Urbana, Orlando Morando, divulgar em uma rede social uma pesquisa em que o prefeito aparece liderando a corrida pelo governo paulista. Na legenda, Morando escreveu: “Tarcísio de Freitas presidente e Ricardo Nunes governador”. Nunes diz que não foi consultado sobre a publicação e que não endossa o conteúdo, mas outros aliados seus compartilharam posts semelhantes.

“Quem quer o capital político da direita tem que se posicionar sobre essa perseguição política travestida de jurídica. A direita quer pessoas com posicionamento, atitude, e o Nunes só fala nas entrelinhas. Para mim, não é o candidato ideal. Respeito o trabalho dele, mas precisamos de alguém com posicionamento. Um nome que tem capacidade e capital político é o Guilherme Derrite (secretário de Segurança Pública do Tarcísio)”, afirma o deputado estadual Lucas Bove (PL), um dos bolsonaristas mais próximos do ex-presidente na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

“Nosso candidato à Presidência, mesmo inelegível, continua sendo o Bolsonaro. Também defendemos a candidatura do Tarcísio à reeleição. Qualquer outro cenário vai seguir as diretrizes estabelecidas por eles. Não tenho resistência a nenhum dos candidatos que eles possam indicar. Vamos trabalhar por quem eles quiserem”, afirma Danilo Campetti (Republicanos). “Se eventualmente o governador for candidato à Presidência e Bolsonaro e ele indicarem o Ricardo, vamos trabalhar por ele. Há outros cenários possíveis - como André do Prado ou (Gilberto) Kassab.”

Correligionários do prefeito costumam repetir que, caso Tarcísio dispute a Presidência, precisará abrir ao menos 20 pontos de vantagem no Estado de São Paulo sobre Lula (PT) para compensar o favoritismo do petista no Nordeste. (Estadão Conteúdo)