Aumenta a pressão contra Jair Bolsonaro

Ex-presidente terá de usar tornozeleira eletrônica e disse que sofre uma "suprema humilhação"

Por Cruzeiro do Sul

Bolsonaro falou com jornalistas e criticou medidas

A pressão judicial sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro aumentou ontem (18), apesar de o presidente americano Donald Trump ter anunciado uma guerra comercial contra o Brasil em apoio a seu aliado. Bolsonaro, de 70 anos, deve utilizar uma tornozeleira eletrônica por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o acusa, junto com seu filho Eduardo, de incitar “atos hostis” dos Estados Unidos contra o Brasil.

O ex-presidente denunciou uma “suprema humilhação”, ao deixar os escritórios da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, em Brasília.

“Estou restrito a [permanecer em] Brasília com tornozeleira”, declarou. “Nunca pensei em sair do Brasil, nunca pensei em ir para uma embaixada, mas as medidas cautelares são em função disso”, acrescentou. A Justiça também lhe proíbe de se aproximar de embaixadas e autoridades estrangeiras.

Moraes, que conduz o processo por suposta tentativa de golpe de Estado contra o ex-presidente, acusa Jair e Eduardo Bolsonaro de “induzirem, instigarem e auxiliarem governo estrangeiro a prática de atos hostis ao Brasil” e de buscarem ostensivamente a “submissão do funcionamento do Supremo Tribunal Federal aos Estados Unidos da América”.

A maioria dos ministros da Primeira Turma do STF votou ontem (18) por manter a decisão de Moraes que impôs medidas cautelares a Bolsonaro.

Após várias semanas de interrogatórios, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu nesta semana a condenação de Bolsonaro por supostamente liderar uma conspiração fracassada para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após perder as eleições de 2022.

Trump ameaçou impor tarifas de 50% aos produtos brasileiros a partir de agosto devido ao que chamou de “caça às bruxas” contra Bolsonaro. Lula, por sua vez, classificou a ação de Washington como uma “chantagem inaceitável” e ameaçou tomar medidas recíprocas.

O ex-presidente considera o seu julgamento como uma “perseguição política”. A sentença do caso será divulgada nas próximas semanas e, se condenado, ele poderá pegar mais de 40 anos de prisão.

Além do dispositivo para monitorar sua localização, Bolsonaro deverá permanecer em sua residência de segunda a sexta-feira entre 19h e 6h, assim como todos os fins de semana e feriados completos, determinou Moraes.

Bolsonaro disse ainda que as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros anunciadas por Trump refletem um incômodo do governo americano com posturas e declarações do presidente Lula. “O Lula teima, fica ao lado de ditadores: China, Rússia, Irã, Venezuela”, disse Bolsonaro a jornalistas. “E outra coisa: o que incomodou o governo americano, e muito, foi, por ocasião do Brics, o Lula falar em um novo padrão monetário, quer o dólar fora das negociações do Brics, entre outras coisas que ele fez.”

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pediu que os Estados Unidos “mandem uma resposta” para o que ele classificou como “novo modelo de censura brasileiro” e afirmou que Moraes está desafiando o presidente Donald Trump. (Da Redação, com informações de AFP e Estadão Conteúdo)