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Tema ‘Ucrânia’ ofusca agenda de Lula na visita a Portugal
Sobre o GSI, presidente diz que vai decidir "essas coisas" quando voltar
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que não foi à Rússia e que não irá à Ucrânia, durante o primeiro pronunciamento que fez à imprensa em sua visita a Portugal, ontem (22). “Eu só vou quando houver a possibilidade de efetivamente ter um clima de construção de paz. Eu sei o que é integridade territorial e todos sabem que a Rússia errou”, completou.
Em seu primeiro dia de compromissos oficiais em Portugal, a 22 de abril -- data que marca a chegada das caravelas portuguesas ao Brasil como fez questão de frisar o anfitrião, Marcelo Rebelo de Souza -- o tema Ucrânia tornou-se obrigatório. Em Portugal, no meio político, na TV e nas ruas, a posição que Lula demonstrou recentemente em relação ao tema incomodou e ofuscou os eventos agendados para esta visita.
Portugal é parte integrante da União Europeia e membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e, portanto, defende o envio de armas à Ucrânia, ao contrário da posição de Lula. Além disso, a comunidade ucraniana em Portugal é grande, com o país abrigando diversos dos refugiados da guerra.
Cimeira
Ontem, no período da tarde, o foco foi na retomada das negociações entre Brasil e Portugal nos mais diferentes ramos de atividade. Um dos destaques foi a confirmação, pelo primeiro-ministro de Portugal, Antonio Costa, de que será oficializada uma parceria entre a Embraer e a Ogma para produção de Super Tucanos aptos a atender as exigências da Otan.
Além disso, ficou acertada a equivalência de diplomas nos ensinos, fundamental e médio, o que alivia a situação de imigrantes dos dois lados do Atlântico. Saúde, cultura, meio ambiente, tecnologia, energia, direitos humanos e igualdade racial também foram abrangidos pelas discussões e acordos firmados entre os dois países.
Lula e Costa ressaltaram ainda o interesse e o potencial de crescimento de negócios entre Brasil e Portugal. Por duas vezes, o presidente Lula afirmou que cabe aos governos abrir as portas e criar o ambiente para que os empresários invistam. A Costa coube a incumbência de anunciar investimentos de 5,7 bilhões de euros (cerca de R$ 32 bilhões, na cotação de quinta-feira (20) das portuguesas EDP e Galp no Brasil.
Mas o tema negócios está reservado para a agenda de amanhã (24), quando Lula irá ao Fórum Empresarial, em Matosinhos. Lá será ouvido por cerca de 150 empresários portugueses e brasileiros. Hoje (23), a agenda é livre e o presidente disparou: “Nazaré que me aguarde”, fazendo referência à praia portuguesa famosa pelas ondas gigantes.
GSI
Lula afirmou que tomará as decisões relacionadas ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) quando retornar ao Brasil. Ele fica até amanhã em Portugal e na terça-feira (25) parte para a Espanha. “Vou decidir essas coisas do GSI quando eu voltar. Vou tomar a decisão que eu achar mais importante para o Brasil”, disse ao ser questionado se manterá o gabinete e, se mantido, se será comandando por um militar ou civil. (Estadão Conteúdo)