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Polícia Federal prende ex-ministro da Educação Milton Ribeiro

Além de Milton Ribeiro, dois pastores foram presos por comandar "gabinete paralelo" no Ministério da Educação

23 de Junho de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
O ex-ministro Milton Ribeiro foi preso em Santos.
O ex-ministro Milton Ribeiro foi preso em Santos. (Crédito: EVARISTO SA / AFP (4/2/2022))

O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi preso ontem (22) pela Polícia Federal sob suspeita de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência, crimes supostamente praticados enquanto comandava o MEC. Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que supostamente comandavam um gabinete paralelo na pasta e pediam propina em troca de liberação de dinheiro público, também estão em prisão preventiva por tempo indeterminado.

Além do ministro e dos pastores, também foram alvo da operação o advogado Luciano Musse e o ex-assessor da Prefeitura de Goiânia Helder Diego da Silva Bartolomeu -- contra ambos foi decretada prisão domiciliar. Ribeiro foi preso em seu apartamento em Santos. Ele ficou detido em São Paulo, de onde participará hoje de audiência de custódia por videoconferência com o juiz federal. Preso no Pará, o pastor Arilton também será ouvido a distância. Apenas o pastor Gilmar está preso na capital federal.

O inquérito foi aberto após uma série de reportagens revelarem o esquema. Prefeitos contaram que para conseguir verba no MEC era preciso pagar propina aos dois pastores em barras de ouro ou comprar Bíblias com preços superfaturados -- e que traziam a foto do então ministro Milton Ribeiro.

A Justiça Federal não divulgou ontem o motivo da prisão preventiva e manteve o sigilo do processo. O advogado do ex-ministro adiantou que as investigações da PF identificaram um depósito de R$ 50 mil na conta bancária da mulher do ex-ministro, feito por parentes de Arilton. A defesa diz se tratar da venda de um automóvel. E classificou a ordem de prisão preventiva contra Ribeiro como “injusta, desmotivada e indiscutivelmente desnecessária”.

Além do MEC, os pastores também frequentavam o Planalto. Em resposta às reportagens, o presidente Jair Bolsonaro disse, à época, que “botava a cara toda no fogo” pelo ministro e que estavam fazendo uma “covardia”. Ribeiro só deixou o cargo dez dias depois e sua exoneração saiu no Diário Oficial da União como “a pedido”. “Deus vai provar que ele é uma pessoa honesta”, disse a primeira-dama Michelle Bolsonaro na ocasião.

Com a prisão, ontem, Bolsonaro mudou o discurso e disse que, “se a PF prendeu, tem um motivo”. “Que ele responda pelos atos dele. Peço a Deus que não tenha problema nenhum”, afirmou à Rádio Itatiaia.

Batizada de Operação Acesso Pago, a ação da PF mira agora o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão controlado pelo Centrão, e que concentra a maior fonte de recursos da educação. Além de levar prefeitos ao MEC, os pastores investigados também agendavam conversas no FNDE. Em nota, a direção do fundo informa que não foi alvo da apuração. (Estadão Conteúdo)