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Ética e Decoro

Conselho de Ética da Alesp recebe pedidos de cassação de Arthur do Val

Presidente do Conselho, deputada Maria Lúcia Amary, diz que dará uma resposta à sociedade o mais breve possível sobre o caso

07 de Março de 2022 às 18:42
Cruzeiro do Sul [email protected]
Deputado estadual, Arthur do Val.
Deputado estadual, Arthur do Val. (Crédito: Alesp)

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) já recebeu dez representações pedindo a cassação do mandato do deputado estadual Arthur do Val (Podemos), conhecido como Mamãe Falei. Na tarde desta segunda-feira (7), a deputada estadual Maria Lúcia Amary (PSDB), presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Alesp, afirmou no Jornal das Cinco, da rádio Cruzeiro FM 92,3, que 38 deputados manifestaram-se contra as declarações do Mamãe Falei. A deputada destacou que dará celeridade ao procedimento, inclusive já comunicou todos os integrantes do Conselho para o primeiro encontro que acontece nesta quarta-feira (9). Ouça a entrevista completa com a deputada no site da rádio em www.cruzeirofm.com.br.

"Queremos dar uma resposta à sociedade o mais breve possível. Não se pode confundir imunidade com impunidade, precisa haver limites", enfatiza Maria Lúcia. Segundo ela, todas as expressões usadas pelo deputado, independente de qual ambiente seja, são inaceitáveis, em especial, na Ucrânia, um país em pleno sofrimento pela guerra. "Aí, vem um político brasileiro e se refere às mulheres ucranianas sofridas com esses adjetivos. Na hora, essas declarações do deputado me causaram um forte impacto, dói na alma como mulher, mas como presidente tenho de ter isenção, imparcialidade necessária para tomar as decisões", declara.

 

Deputada estadual Maria Lúcia Amary - Cruzeiro FM 92,3 / Arquivo
Deputada estadual Maria Lúcia Amary (crédito: Cruzeiro FM 92,3 / Arquivo)

Ela destaca que não houve ação humanitária por parte da Alesp e que o deputado não foi representando o Legislativo estadual: "Até porque ação humanitária não contempla essa incontinência verbal", afirma a parlamentar à Cruzeiro FM 92,3. "Como mulher deputada não tem como não repudiar, foi uma fala sexista e discriminatória com relação à classe social. Por que a mulher é pobre, então, seria uma mulher fácil?", comenta.

A deputada disse que as representações contra Arthur do Val devem tramitar no Conselho de Ética por um período entre 30 e 40 dias. Ao final do processo, o deputado pode ser absolvido, advertido ou até mesmo perder o mandato de forma temporária ou definitiva. A perda de mandato, porém, seja temporária ou permanente, precisará ser votada em plenário.

O Podemos, partido do deputado, abriu procedimento disciplinar interno contra ele.

Arthur do Val foi à Ucrânia em meio ao conflito instaurado no país e chegou a postar uma foto nas redes sociais, na qual estaria ajudando a produzir coquetéis molotov para combater soldados russos. Ao deixar o país, na fronteira com a Eslováquia, o deputado enviou um áudio a amigos, elogiando a beleza das refugiadas. Em seguida, afirmou que pretende voltar ao Leste Europeu e disse que as mulheres são "fáceis" por serem pobres.

"Assim que essa guerra passar eu vou voltar pra cá. E detalhe, elas olham. E são fáceis, porque elas são pobres. E aqui minha carta do Instagram, cheio de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, a gente não tinha tempo, mas colei em dois grupos de minas e é inacreditável a facilidade", disse ele no áudio.

Na chegada ao Brasil, o deputado deu entrevistas confirmando ser o autor do áudio e retirou sua pré-candidatura ao governo de São Paulo. Ele reconheceu ter cometido "um erro em um momento de empolgação".

"Não é isso que eu penso. O que eu falei foi um erro em um momento de empolgação. A impressão que está passando aqui é que eu cheguei lá, tinha um monte de gente, e eu falei: 'quem quer vir comigo que eu vou comprar alguma coisa'. Não é isso. Eu fui pra fazer uma coisa, mandei um áudio infeliz e a impressão que passou é de que fui fazer outra coisa".

A Agência Brasil procurou nesta segunda-feira (7) a assessoria do deputado para repercutir sobre as representações que chegaram ao Conselho de Ética, mas não houve resposta. (Da Redação, com informações da Agência Brasil)

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