MP denuncia delegado e policial civil do Rio por obstrução da Justiça

A decisão foi da 1º Vara Criminal Especializada do Estado do Rio de Janeiro

Por Cruzeiro do Sul

Fachada da Secretaria de Estado da Pol..cia Civil, no centro do Rio de Janeiro

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou o delegado da Polícia Civil, Maurício Demétrio Afonso Alves, e o policial civil Adriano Santiago da Rosa por integrarem organização criminosa voltada à prática dos crimes de obstrução de Justiça e violação de sigilo funcional. 

A denúncia, que deu origem à segunda fase da operação Carta de Corso, realizada na última quarta-feira (22), e à prisão de Adriano, é um desdobramento da primeira fase da ação, realizada em 30 de junho deste ano, quando Maurício e outros policiais civis foram presos. A decisão foi da 1º Vara Criminal Especializada do Estado do Rio de Janeiro.

A apreensão de aparelhos celulares do delegado permitiu a obtenção de novas provas contra Maurício Demétrio, preso por forjar uma operação contra o delegado Marcelo Machado, que investigava a organização criminosa pelos crimes de extorsão contra comerciantes de Petrópolis, na região serrana do Rio. No conteúdo extraído dos aparelhos telefônicos, com autorização judicial, Maurício contava com o apoio de Adriano, lotado no Setor de Inteligência da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial, para obter dados sigilosos de diversas pessoas, com o objetivo de prejudicá-las. Maurício Demétrio foi titular da delegacia especializada.

Segundo o MPRJ, Maurício Demétrio, com a finalidade de prejudicar desafetos, informou ao agente da Polícia Federal Enrico Cortes Villela Delle Piane que um outro delegado, morador de Petrópolis e que havia atuado na Corregedoria da Polícia Civil, traficava drogas em deslocamentos entre a capital e a região serrana. Ele chegou a se encontrar com o agente da PF para repassar os dados que seriam utilizados em uma futura operação para prender o delegado. Após diversas mensagens eletrônicas, sob a alegação de que ele e sua esposa haviam contraído covid-19, Maurício parou de passar informações ao agente.  

AInda segundo o MPRJ, além disso, também de maneira ilegal, Maurício determinou que Adriano verificasse dados restritos de inúmeros cidadãos, entre eles autoridades e seus familiares, tendo acesso, inclusive, a informações sobre movimentações bancárias das vítimas, com o objetivo de produzir dossiês. 

A reportagem tentou contato com a defesa do delegado Maurício Demétrio e aguarda posicionamento. (Agência Brasil)