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Covid-19

Ômicron tem três vezes mais mutações que variante Delta

Nova cepa pode infectar mais e matar menos, dizem especialistas

30 de Novembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: PIXABAY)

A grande quantidade de mutações da Ômicron é fato inusitado que precisa ser investigado no Brasil, dizem cientistas. Descoberta na África do Sul, a nova variante do coronavírus apresenta 50 mutações. Cerca de 30 estão localizadas na chamada proteína spike, aquela que permite a entrada do vírus nas células humanas e é um dos principais alvos das vacinas contra a Covid-19.

Uma primeira hipótese para a ocorrência de tantas mutações (três vezes mais do que o verificado na variante Delta) é a de que ela tenha se desenvolvido em um paciente imunodeprimido que abrigou a variante Alpha por muito tempo na África do Sul. Os testes detectam a Ômicron por ela não ter um gene específico -- o mesmo da Alpha, segundo especialistas internacionais. “Nunca tínhamos visto uma variante com tantas mutações”, diz o professor Amilcar Tanuri, coordenador do Laboratório de Virologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Tanuri diz ser adepto da hipótese de que os vírus emergentes tendem a se atenuar, conforme vão se espalhando pela população humana. A cada mutação, a tendência é a de que fiquem mais transmissíveis e menos letais. Os primeiros relatos dos médicos da África do Sul indicam que o vírus se espalha rapidamente, mas sem grande número de casos graves.

“No Brasil, ainda não tivemos acesso à variante Ômicron para estudá-la”, diz Tanuri. “Assim que ela for detectada no País, a primeira coisa a ser feita é isolar o vírus e colocar em contato com o soro de pacientes vacinados aqui no Brasil e também infectados com a variante Delta”, afirma o virologista. Dessa forma, será possível saber se ter superado outros coronavírus confere alguma imunidade (proteção cruzada) contra a Ômicron.

O epidemiologia Cesar Victora, professor emérito da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), considera que o País precisa ampliar seu sistema de monitoramento de variantes. “Temos de aumentar a capacidade. Ainda sequenciamos pouco. A variante pode já estar aqui e ainda não ter sido descoberta.” 

Principal resposta é vacinação, diz ministro

Mais 100 milhões de doses foram compradas para 2022. - AGÊNCIA SAÚDE / DF
Mais 100 milhões de doses foram compradas para 2022. (crédito: AGÊNCIA SAÚDE / DF)

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse ontem que a principal resposta contra a variante Ômicron é a vacinação. “Esse contrato assinado com a farmacêutica Pfizer é a prova cabal da programação do Ministério da Saúde para enfrentar não só essa variante Ômicron como as outras que já criaram tanto problema para nós”, completou.

Queiroga referiu-se ao contrato assinado ontem com a farmacêutica Pfizer para a compra de 100 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 para aplicação em 2022. A expectativa, segundo a pasta, é que os imunizantes comecem a ser entregues nos três primeiros meses do ano.

Em Salvador, ele afirmou que o cuidado da vigilância em saúde no país permanece o mesmo adotado desde o começo da pandemia. “É uma variante de preocupação, mas não é uma variante de desespero porque temos um sistema de saúde capaz de nos dar as respostas no caso de uma variante dessa ter uma letalidade um pouco maior. Ninguém sabe ainda”.

O ministro descartou, pelo menos por enquanto, a possibilidade de reduzir o intervalo de cinco meses exigido atualmente pela pasta para a aplicação da dose de reforço da vacina contra a Covid-19. A exigência, segundo ele, permanece a mesma.

“Ainda não há evidência na ciência pra isso. Não se pode querer uma ciência self-service. Pra umas coisas, se quer evidência científica de nível A. Pra outras, não tem nenhuma evidência, só opinião de um secretário municipal. Não pode ser assim.”

China promete mais 1 bi de doses à África

O presidente da China, Xi Jinping, disse ontem (29) que o país oferecerá mais 1 bilhão de doses de vacinas contra a Covid-19 a países africanos e incentivará empresas chinesas a investirem cerca de US$ 10 bilhões na África nos próximos três anos.

A promessa de doses adicionais da vacina -- além de quase 200 milhões que a China já forneceu ao continente -- surge no momento em que se intensificam as preocupações com a disseminação da nova variante Ômicron, que foi identificada pela primeira vez no sul da África.

Em discurso feito por meio de um vídeo na abertura do Fórum de Cooperação China-África, Xi disse também que será criado um centro transfronteiriço China-África para fornecer às instituições financeiras africanas uma linha de crédito de US$ 10 bilhões, sem dar detalhes adicionais.

A África é uma das principais fontes chinesas de importação de petróleo bruto e minerais.

Joe Biden descarta restringir circulação

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou ontem (29) que a variante Ômicron do novo coronavírus impõe alto risco de novos surtos de infecção. O órgão advertiu as 194 nações afiliadas de que a possibilidade de um novo surto pode ter consequências severas, mas ressaltou que nenhuma morte foi registrada até o momento em decorrência da nova variante.

Também ontem, o presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou em discurso na Casa Branca que a nova variante é motivo de preocupação, mas não de pânico. Segundo Biden, a variante chegará em solo americano cedo ou tarde; portanto, a melhor abordagem no momento é a vacinação.

Na próxima quinta-feira (2), a Casa Branca, divulgará uma nova estratégia para lidar com a pandemia e suas variantes durante o inverno. Biden adiantou que o plano não incluirá novas ações restritivas à circulação de pessoas ou contenção de aglomerações. (Estadão Conteúdo e Agência Brasil)

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