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Professores orgulham-se da carreira, mas 77% se sentem desvalorizados

Pesquisa mostra que profissionais não se consideram reconhecidos

16 de Outubro de 2021 às 00:01
Estadão Conteúdo [email protected]
Apesar de tudo, dois terços escolheriam dar aulas novamente.
Apesar de tudo, dois terços escolheriam dar aulas novamente. (Crédito: STUDIO FORMATURA / AGÊNCIA BRASIL)

Mesmo com a pandemia, quando famílias disseram perceber que não é fácil ser professor, o sentimento dos docentes ainda é de baixa valorização. Em pesquisa realizada pelo Instituto Península, entre setembro e outubro, com profissionais de escolas públicas e particulares, 74% acreditam que os professores não são respeitados no Brasil.

Por outro lado, quase todos acham que são importantes para a transformação social do País e da vida dos alunos. Mais da metade (52%) diz que é “um orgulho ser professor no Brasil” e, ainda, dois em cada três deles escolheriam dar aulas novamente, se pudessem voltar no tempo.

“Eu me orgulho de ser professor todos os dias”, diz o docente da rede estadual de Minas Romildo Calixto Amaro Junior, de 36 anos, que dá aulas de filosofia em uma favela de Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte. “Mas a gente vive em um país em que a educação é vista como mal necessário para atingir uma profissão. Poucos veem como uma possibilidade de transformação”, completa. Na pesquisa, 77% disseram que sua profissão não é valorizada pela sociedade.

Junior é um dos cinco professores -- um de cada região do País -- que participa de uma ação organizada pelo Instituto Península para celebrar o Dia do Professor, comemorado ontem (15).

Cada um deles foi fotografado com uma palavra que apareceu na pesquisa como símbolo da valorização que eles almejam. O professor mineiro teve “tatuado” amor. “Amor é a capacidade de fazer algo que tenha significado, amor é algo que foge da lógica tecnocrática”, explica, sobre a profissão.

As fotos estão expostas, desde ontem e até o dia 15 de novembro, na Estação Santa Cecília do Metrô de São Paulo.

Salário

O Brasil tem mais de 2 milhões de professores que dão aulas em escolas públicas e particulares. O piso salarial determinado por lei fica em torno de R$ 3 mil. Na pesquisa, só 18% responderam que a remuneração é compatível com o nível de complexidade da sua atuação e 90% disseram que o professor não recebe bons salários.

Mesmo assim, quando indagados sobre como se sentiriam mais valorizados, questões como condições de trabalho, aprimoramento da carreira e reconhecimento pela sociedade apareceram mais que o salário.

“Uma parte da falta de reconhecimento da sociedade é o não entendimento de que sem a educação o resto das engrenagens do País vai rodar capenga”, diz a diretora executiva do Instituto Península, Heloisa Morel. “O professor é a peça-chave para a transformação, para o desenvolvimento do País.” (Estadão Conteúdo)