Com recuo da pandemia, SP tenta acelerar cirurgias

Procedimentos de mama ou aparelho digestivo, por exemplo, têm déficit

Por Da Redação com Estadão Conteúdo

Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto ampliou cirurgias eletivas em 50%.

Nas últimas semanas, o avanço da vacinação tem reduzido o número de pacientes da Covid-19 no Brasil. Com isso, governos e hospitais se mobilizam para atender a demanda represada durante a pandemia: cirurgias eletivas (não urgentes), exames e consultas -- adiadas para abrir espaço em unidades de saúde ou evitar contágio. Só na cidade de São Paulo, por exemplo, a fila de espera para cirurgias chegou a 130 mil.

O Brasil realizou 4.046.660 cirurgias, de diversos tipos, no ano passado -- queda de 19% em relação aos 4.999.383 procedimentos de 2019. Para alguns casos, o recuo é ainda maior. Cirurgias de mama caíram 43% no período. Já as de pele ou aparelho digestivo baixaram, respectivamente, 39% e 34%.

Com cerca de 10 mil novos pacientes na fila de espera a cada mês, a rede de saúde chegou a suspender o agendamento de cirurgias eletivas por causa da sobrecarga causada pela Covid. Após melhoras nos índices, os procedimentos na capital paulista começaram a ser retomados em novembro. Esta semana, a gestão Ricardo Nunes (MDB) anunciou que cinco hospitais da Capital passarão a trabalhar até 24 horas por dia a partir do dia 1º.

O ritmo no atendimento, no entanto, ainda é lento. Dados da Secretaria Municipal de Saúde apontam que, entre janeiro e maio, a capital realizou cerca de 6,8 mil cirurgias eletivas, além de 318,8 mil consultas e 216,7 mil exames -- abaixo da demanda natural por mês da cidade. A Prefeitura não informou o tamanho da fila antes da pandemia.

O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto ampliou em 50% o total de cirurgias eletivas em relação ao que vinha realizando nos meses mais críticos da pandemia: subiu de 400 em maio para 600 em junho e, segundo a administração, o aumento será ainda maior nos próximos meses se mantida a queda da Covid.

Em Campinas, a Prefeitura informou que vai manter o Hospital Metropolitano exclusivo para atendimentos Covid, mas iniciará a transformação dos demais leitos da rede municipal em não-Covid, conforme a queda no número de casos. “Será criada uma comissão com a participação de hospitais da cidade para começar a construir uma política para o enfrentamento de outras patologias e cirurgias que ficaram reprimidas durante a pandemia”, disse, em nota.

Em Mogi das Cruzes, a Santa Casa de Misericórdia já retomou as cirurgias de oftalmologia (catarata), mas o Hospital Municipal continua funcionando exclusivamente para Covid-19 e não há previsão de retomar casos eletivos. Em junho a cidade, tinha 1,6 mil pacientes na fila por cirurgias do tipo. No 1º trimestre de 2020, Mogi fez 1.049 cirurgias eletivas. No mesmo período deste ano, foram apenas 45. A Prefeitura informou que faz o encaminhamento aos hospitais por meio da central de regulação de leitos.

Outros estados

Hoje com ocupação de UTIs no patamar de 60%, o governo de Minas prevê acelerar as cirurgias pagando o dobro do valor de remuneração a hospitais por alguns procedimentos. O Estado quer chegar, ao fim de 2022, com menos fila de cirurgias do que tinha antes da pandemia. Segundo o Estado, em 2019, foram feitas 185 mil operações. Já em 2020, com restrições impostas, foram realizadas 97 mil. Em 2021, foram 26.935 até maio.

A Bahia também prevê retomar cirurgias eletivas nas próximas semanas. A fila de espera é de 50 mil e o total pode chegar a 70 mil se contar casos de maior complexidade. A previsão é de que a situação seja controlada até o fim do ano e são previstos pequenos mutirões. (Da Redação, com Estadão Conteúdo)