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Falta de sensatez

25 de Outubro de 2018 às 11:46

Foto: Divulgação

Fernando Calmon - [email protected]

Começou a temporada de previsões para o próximo ano. As apostas dos principais executivos da indústria automobilística são de um ano de 2019 melhor que o de 2018. Mas, pelo demonstrado em um seminário semana passada em São Paulo, há certa dispersão sobre os percentuais de crescimento. Todos os executivos do setor estão otimistas, alguns mais outros menos. Não se percebeu nenhuma grande preocupação sobre os resultados das eleições e os reflexos sobre a economia brasileira. Em 2019, o PIB do País deve crescer 2,5%, embora algumas consultorias apostem em até 3%.

Anfavea acredita em vendas superiores à casa de dois dígitos “baixos”, isto é, algo em torno de até 12%, segundo o presidente da entidade Antônio Megale. Nessa mesma linha, segue o presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga, que estimou algo entre 12 e 13%. Pablo di Si, principal executivo da Volkswagen, acredita que 10% seriam um bom número. Vice-presidente da Ford, Rogelio Golfarb, preferiu apontar uma faixa entre 5% e 10% de crescimento. Miguel Fonseca, vice-presidente da Toyota, foi o mais comedido ao imaginar avanço no mercado interno de 4,4% sobre este ano.

Essas estimativas apresentam algumas variações pois a Anfavea considera o mercado total, incluindo caminhões e ônibus. Outros executivos colocam em suas contas apenas automóveis e veículos comerciais leves que representam 95% das vendas totais. Veículos pesados poderão crescer acima da média, porém influenciarão apenas alguns décimos no resultado final.

Possivelmente em janeiro esses números sofram revisão. Afinal, já se saberá mais sobre mudanças econômicas estruturais, que não devem ser pequenas, pelo observado nas pesquisas em relação ao resultado da eleição presidencial.

Outra expectativa, com potencial de influenciar resultados futuros, é a aprovação pelo Congresso Nacional do programa Rota 2030. Há embates políticos sobre estímulos à produção no Nordeste que colocam em lados opostos Ford e FCA. A primeira defende o ano de 2020, como previsto, para o fim dos incentivos fiscais (IPI). A segunda garante investimento adicional na região, se puder contar com suporte fiscal até 2025.

Espera-se um acordo para destravar a votação, cuja data fatal é 14 de novembro. Muito lamentável se aquele programa atrasar, quando mais se necessita dele, a fim de garantir metas duras de consumo de combustível, emissões reguladas e segurança veicular para os próximos 15 anos. Só dá para entender esse impasse como puro oportunismo de bancadas de Bahia e Pernambuco. Há ainda dois anos pela frente para resolver diferenças dentro de uma mesma região.

Fica sem sentido deixar caducar a medida provisória do Rota 2030, amplamente discutida por mais de um ano, em razão de discussões menores. Sensatez tem de prevalecer.