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Trump acusa seu ex-advogado Michael Cohen de 'inventar histórias'

22 de Agosto de 2018 às 16:58

O presidente Donald Trump foi envolvido em processo derivado de investigação sobre a eleição de 2016. Crédito da foto: Mandel Ngan/ AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou nesta quarta-feira (22) seu ex-advogado Michael Cohen, acusando-o de "inventar histórias" ao se declarar culpado de delitos eleitorais e envolvê-lo em um explosivo processo derivado de uma investigação federal sobre a eleição presidencial de 2016.

Trump comparou a atitude de Cohen com seu ex-chefe de campanha Paul Manafort, também processado na terça-feira em um julgamento derivado desta investigação, elogiando a atitude "corajosa" de seu ex-assessor político de negar-se a "ceder" à pressão de promotores para conseguir um "acordo" judicial em seu favor.

"Eu me sinto muito mal por Paul Manafort e sua família maravilhosa. A 'Justiça' tomou um caso tributário de 12 anos, entre outras coisas, aplicou uma pressão enorme sobre ele e, ao contrário de Michael Cohen, negou-se a 'ceder': inventar histórias para obter um 'acordo'. Muito respeito por um homem corajoso!", escreveu Trump no Twitter.

Na véspera, Cohen, advogado de Trump durante uma década, se declarou culpado de oito acusações e revelou que a pedido do atual presidente americano pagou pelo silêncio de duas ex-amantes do então candidato republicano em 2016. Cohen, 51 anos, assumiu cinco crimes de sonegação fiscal entre 2012 e 2016, um de fraude bancária e dois delitos de violação da lei de financiamento de campanhas eleitorais.

Michael Cohen, ex-advogado de Donald Trump, se declarou culpado de delitos eleitorais. Crédito da foto: Yana Paskova/ Getty Images/ AFP

Em sua primeira reação à audiência de Cohen, Trump escreveu em uma série de tuítes que as violações às regras de financiamento eleitoral cometidas por Cohen "não são um delito". "Michael Cohen se declara culpado de duas acusações de violação do financiamento de campanha que não são um delito. O presidente Obama teve uma grande violação do financiamento de campanha e isso foi facilmente resolvido!", acrescentou.

A campanha de Obama de 2008 pagou uma multa de US$ 375.000 em 2013 por violações das regras eleitorais para contribuições feitas 20 dias antes da eleição, que deveriam ter sido reportadas dentro de 48 horas. As contribuições ilegais de Cohen à campanha incluíram os pagamentos às duas mulheres que afirmaram ter tido relações extraconjugais com o candidato republicano.

Mueller e a "caça às bruxas"

Os elogios de Trump a Manafort, a quem um tribunal de Alexandria, perto de Washington, considerou culpado de oito acusações, incluindo fraude bancária, evasão fiscal e omissão de contas bancárias estrangeiras, contrastaram com os comentários sobre Cohen, que uma vez chegou a dizer que "levaria um tiro" pelo presidente. "Se alguém está procurando um bom advogado, eu sugiro fortemente que não contrate os serviços de Michael Cohen", escreveu Trump.

Na terça-feira, Cohen explicou como realizou pagamentos secretos antes das eleições à atriz pornô Stormy Daniels e à modelo da Playboy Karen McDougal. Mas, acima de tudo, surpreendeu a todos ao indicar que, ao fazer esses pagamentos, agiu "em coordenação e sob a direção de um candidato a um cargo federal". "Eu atuei com o objetivo de influenciar as eleições", disse Cohen ao juiz, em uma declaração que coloca Trump em risco legal.

Cohen e Manafort enfrentam penas de prisão por processos resultantes da investigação do promotor especial Robert Mueller sobre a interferência da Rússia nas eleições de 2016 e o possível conluio entre a equipe de campanha de Trump e Moscou. Nenhum dos casos está relacionado a um conluio com a Rússia, algo que Trump enfatizou nesta quarta-feira, insistindo que a investigação de Mueller é uma "caça às bruxas" com motivações políticas.

Mas a condenação de Manafort por um júri e a declaração de culpa e Cohen no contexto de um acordo judicial são boas notícias para Mueller, que tem estado sob forte pressão política para concluir uma investigação que já dura 15 meses.

Ambos os casos não vão pôr fim à cruzada de Trump para desacreditar Mueller e minar qualquer tentativa de levá-lo a julgamento, algo que poderia se materializar se a oposição democrata assumir o controle do Congresso após as eleições legislativas cruciais de novembro. Mas os especialistas apontam que cada vitória conta para o promotor especial, que graças a seu histórico de sucessos aumenta suas chances de garantir a cooperação de futuras testemunhas. (Alina Dieste - AFP)

 

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