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Suécia vive incerteza política após eleições legislativas

10 de Setembro de 2018 às 08:37

suécia Nenhum dos dois blocos que dominam o cenário obteve maioria - Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

A Suécia entrou nesta segunda-feira (10) em um período de incerteza depois das eleições legislativas que confirmaram o avanço da extrema-direita e deixaram dúvidas sobre quem venceu, quem vai governar e ao lado de quem. Geralmente, o líder do partido que recebeu mais votos ou que tem mais possibilidades de formar um governo assume o posto de primeiro-ministro. Mas o tabuleiro político sueco cada vez mais fragmentado complica todos os cálculos.

Nenhum dos dois blocos que dominam o cenário político obteve maioria e a extrema-direita voltou a crescer, embora menos do que antecipavam as pesquisas. O bloco "vermelho-verde" que governa o país atualmente registra uma vantagem ínfima, de apenas uma cadeira, sobre a oposição de centro e direita. E o país ainda aguarda a contagem dos votos do exterior, geralmente favoráveis à direita. O resultado definitivo será divulgado na quarta-feira (12).

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Os social-democratas perderam 2,8% em comparação a 2014 e registraram seu pior resultado em mais de um século. "Somos o primeiro partido da Suécia", celebrou, no entanto, o primeiro-ministro Stefan Löfven, antes de reconhecer publicamente a situação de seu partido e de estender a mão à oposição. "Esta eleição deve marcar o enterro da política de blocos (...). Ninguém obteve maioria. É, portanto, natural estabelecer uma colaboração entre os blocos", declarou.

A esquerda, com quem?

Os líderes da oposição responderam em uníssono. "Acabo ou tempo para este governo. Deve renunciar", afirmou Ulf Kristersson, líder dos Moderados (conservadores). A esquerda se mostra determinada a tentar formar o governo para um novo mandato. Mas com quem?

Stefan Löfven pode tentar repetir o que fez em 2014: formar um governo minoritário com os ecologistas e obter o apoio do Partido de Esquerda (ex-comunistas) no Parlamento. Neste caso, estaria permanentemente sob a ameaça da oposição, que poderia impedir atos do Legislativo e derrubar o governo na primeira oportunidade com os votos da extrema-direita.

Também poderia apostar na abertura e convidar os liberais e centristas à mesa de negociações, mas continuaria sendo um governo minoritário. Tudo será definido pelo equilíbrio de forças final. "Embora o bloco esquerda-verde seja o mais importante, o centro e os liberais têm a chave e não mais Jimmie Åkesson", o líder da extrema-direita, afirmou Mikael Gilliam, professor de Ciências Políticas da Universidade de Gotemburgo.

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Mas no momento tudo não passa de especulação, pois os liberais e os centristas integram a aliança de centro-direita, com os conservadores e os democrata-cristão.

A direita em posição delicada

O objetivo da aliança é formar um governo como aconteceu entre 2006 e 2014, liderado desta vez pelo conservador Ulf Kristersson. Mas a questão é difícil, já que precisam dos votos da extrema-direita e isto não seria obtido a troco de nada.

"Temos 62 cadeiras, isto quer dizer que não podemos obter tudo o que queremos, mas espero uma influência proporcional ao nosso tamanho", do partido de extrema-direita Democratas da Suécia (SD). Kristersson privilegia compromissos com os social-democratas, como aconteceu nos últimos quatro anos com a assinatura de 26 acordos, sobre imigração, energia ou clima.

Se a derrota da centro-direita for confirmada, esta continuidade seria a solução menos ruim para ele, analisa David Ahlin, diretor de opinião do instituto Ipsos. "Mas a situação é incerta. Apenas 30.000 votos separam os dois blocos e na quarta-feira serão apurados os 200.000 votos de suecos do exterior", recorda.

"O mais provável é que a aliança se constitua em coalizão e tente obter um apoio do outro lado da linha dos blocos". Jimmie Åkesson, cujo partido obteve 17,6% dos votos, quase 5% a mais que nas eleições anteriores, afirmou que está pronto para estabelecer compromissos. (Gaël Branchereau e Camille Bas-wohlert - AFP)

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