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Síria derruba avião russo durante bombardeio aéreo de Israel

18 de Setembro de 2018 às 12:59

Statues of soldiers are displayed in front of the Russian Defence Ministry headquarters on September 18, 2018, in Moscow. Russia blamed Israel on September 18, 2018 for the loss of a military IL-20M jet to Syrian fire, which killed all 15 servicemen on board, and threatened a response. Israeli pilots carrying out attacks on Syrian targets "used the Russian plane as a cover, exposing it to fire from Syrian air defences," a statement by the Russian military said.
/ AFP / Vasily MAXIMOV

O Exército sírio abateu uma aeronave de seu aliado russo com 15 soldados a bordo, com Moscou inicialmente acusando Israel, antes de se referir a "circunstâncias acidentais trágicas". Este incidente sem precedentes ocorreu pouco depois que a Rússia e a Turquia anunciaram um acordo sobre a província de Idlib, último grande reduto rebelde no noroeste da Síria, onde uma "zona desmilitarizada" deverá ser estabelecida, afastando assim a perspectiva de uma ofensiva do regime.

Na segunda-feira à noite, o avião russo Illiushin-20 foi derrubado acidentalmente, segundo Moscou, pela defesa antiaérea síria, que atirou para interceptar mísseis israelenses que tinham como alvo depósitos de munição na província de Latakia (noroeste), reduto do presidente Bashar al-Assad. Os bombardeios em Latakia fizeram dois mortos e menos dez feridos, incluindo sete soldados sírios, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

O incidente do avião russo abatido é o mais grave entre os dois aliados desde que Moscou passou a intervir militarmente na Síria no final de 2015 para apoiar o regime de Damasco, então enfraquecido. A aeronave, geralmente usada em missões de vigilância, foi "abatida por um sistema de mísseis S-200" do exército sírio, matando todos os 15 tripulantes, informou o ministério russo da Defesa. No entanto, o exército russo inicialmente dirigiu sua ira contra Israel, apontado como responsável pela tragédia por causa dos mísseis lançados em Latakia, atribuídos por Moscou a quatro caças F-16 israelenses.

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 "Provocações" de Israel

"Os pilotos israelenses, cobrindo-se com o avião russo, o colocaram sob o fogo da defesa antiaérea síria", acusou o ministério russo. "Consideramos hostis essas provocações de Israel e nos reservamos o direito de responder adequadamente", advertiu ele, enquanto o embaixador israelense na Rússia foi convocado. Pouco depois, o presidente russo, Vladimir Putin, evocou "uma série de circunstâncias acidentais trágicas", parecendo adotar um tom conciliatório em relação a Israel.

O exército israelense, por sua vez, contestou que sua força aérea tivesse usado a aeronave russa como cobertura para escapar dos tiros sírios. Em um comunicado, alegou que seus caças atacaram um local do exército sírio onde sistemas de fabricação de armas estavam prestes a ser entregues em nome do Irã ao movimento xiita libanês Hezbollah. "Israel expressa sua tristeza pela morte dos tripulantes do avião russo", declarou exército. "Israel vê Assad, cujo exército abateu o avião russo, como totalmente responsável por esses incidentes".

Nos últimos meses, Israel aumentou seus bombardeios na Síria contra o regime ou seu aliado iraniano, insistindo que não permitirá que o Irã use a Síria como uma base contra ele. O ministério russo da Defesa também indicou que mísseis foram disparados pela fragata francesa "Auvergne", que circulava por ali. "A fragata francesa L'Auvergne não fez qualquer disparo na noite passada", garantiu à AFP porta-voz do Estado-Maior francês, o coronel Patrik Steiger.

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"Impedir uma ofensiva" 

No plano diplomático, Putin e o presidente turco Recep Tayyip Erdogan acordaram na segunda-feira a criação de uma "zona desmilitarizada" sob controle russo-turco na região de Idlib, que permitirá evitar uma ofensiva do regime de Damasco neste último reduto rebelde da Síria.

Desde que o governo sírio, apoiado pelo Exército russo, anunciou a sua intenção de recuperar Idlib, situada na parte noroeste da Síria, a Turquia, apoio dos rebeldes, advertiu sobre uma possível catástrofe humanitária em caso de ataque.

Os dois chefes de Estado se reuniram no balneário de Sochi, no mar Negro, com o objetivo de superar as divergências surgidas na cúpula que ambos realizaram com o presidente iraniano, Hassan Rohani, em Teerã, em 7 de setembro.

Esta zona será controlada pelas forças turcas, assim como pela polícia militar russa, detalharam, enquanto todas as armas pesadas "de todos os grupos opositores" deverão ser retiradas antes de 10 de outubro. "Estou convencido de que com este acordo evitamos uma grande crise humanitária em Idlib", declarou Erdogan durante a entrevista coletiva após a reunião entre os dois chefes de Estado.

A Rússia, fiel aliada do regime de Damasco, é mais inclinada a uma ofensiva, enquanto a Turquia se opõe. A região de Idlib é controlada em 60% pelo grupo extremista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), composto em grande parte pelo ex-braço da Al-Qaeda na Síria. Embora apoie outros grupos rebeldes, Ancara considera o HTS "terrorista".

Desde a cúpula de Teerã, houve intensas negociações entre russos e turcos para tentar alcançar um compromisso. O objetivo principal de Ancara era neutralizar o HTS, mas evitando uma grande ofensiva. A Comissão Europeia pediu nesta terça que o acordo garanta "a proteção de vidas e infraestruturas civis, bem como acesso humanitário sem entrave e durável". (AFP)

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