Racismo é alvo de resolução da ONU
Manifestações lembraram a abolição nos EUA, ontem. Crédito da foto: Andrew Caballero-Reynolds / AFP
O Conselho de Direitos Humanos da ONU adotou por unanimidade, ontem, uma resolução condenando o racismo estrutural e a violência policial, embora não faça citação direta aos Estados Unidos. O documento causou frustração já que esperava-se que o caso George Floyde fosse diretamente citado e que uma comissão independente fosse criada para apurar casos de racismo.
O Conselho, um órgão das Nações Unidas com sede em Genebra, do qual os Estados Unidos se retiraram em 2018, adotou a resolução por consenso.
O texto, por iniciativa de vários países africanos, foi adotado em uma reunião de emergência convocada após a morte de Georges Floyd nos EUA, e as grandes manifestações contra o racismo em todo o mundo.
Floyd, um homem negro americano de 46 anos, morreu asfixiado por um policial durante sua prisão, em 25 de maio, em Minneapolis.
Críticas
Em sua versão inicial, o documento pedia a criação de uma comissão internacional independente de inquérito para esclarecer o “racismo estrutura”‘ nos Estados Unidos. Esse tipo de comissão é uma estrutura de alto nível, geralmente reservada para grandes crises, como o conflito na Síria. Mas o texto foi amenizado progressivamente e não faz referência aos Estados Unidos, algo muito criticado pelas ONGs.
A resolução simplesmente pede à Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, a chilena Michelle Bachelet, “que prepare um relatório sobre o racismo estrutural, as violações do direito internacional em relação aos direitos humanos e os maus-tratos pelas forças de segurança contra africanos e pessoas de origem africana”.
O relatório deveria se referir, em particular, aos “eventos que levaram à morte de George Floyd e outros africanos e pessoas de origem africana, com o objetivo de ajudar a estabelecer responsabilidades e fazer justiça às vítimas”, segundo a resolução.
Abolição da escravatura
Milhares de americanos encheram as ruas dos Estados Unidos ontem com passeatas festivas ou silenciosas, para lembrar o 155º aniversário da abolição da escravatura, em pleno período de tensão e reflexão sobre a discriminação e o racismo sofrido pela comunidade negra. (AFP)