Presidente sérvio proclama vitória nas legislativas com 63,4% dos votos

Por Marcel Scinocca

People look at an inflatable yellow duck installed by the activists from the civic group "Let Us Not Drown Belgrade" during a protest calling for a boycott of the elections, in front of the National assembly building in Belgrade on June 18, 2020. Serbians are to vote in parliamentary polls on June 21, after a lacklustre campaign devoid of rallies because of the coronavirus crisis, and an opposition boycott seems set to assure victory for the ruling party. Dominating the unusual electoral scene is Serbia's powerful President Aleksandar Vucic, who is not running for parliament himself but whose name is still on the ballot as the head of his Serbian Progressive Party (SNS), which has been in power for eight years. / AFP / Andrej ISAKOVIC

Houve pedindo de boicote às eleições. No detalhe, imagem em frente ao prédio da Assembléia Nacional em Belgrado em 18 de junho de 2020. Crédito da foto: Andrej Isakovic / AFP

 

O presidente da Sérvia Aleksandar Vucic proclamou a vitória "histórica" de seu partido de centro-direita nas eleições legislativas deste domingo, com 63,4% dos votos.  "Agradeço ao povo por esse apoio histórico", declarou aos apoiadores na sede do Partido de Progresso da Sérvia (SNS), em Belgrado.

Segundo pesquisa divulgada à noite pelo Instituto Ipsos, o SNS obteve 62,5% dos votos e o Partido Socialista, seu parceiro na coalizão dominante, obteve 10%. "Vencemos em todos os lugares, vencemos onde nunca vencemos", afirmou. Os sérvios foram as urnas neste domingo para um pleito legislativo boicotado pela oposição, o que ajudou a consolidar o partido de Vucic, que saiu reforçado pela crise do coronavírus.

Essas primeiras eleições nacionais na Europa após a pandemia foram realizadas à sombra da poderosa figura presidencial. Vucic não concorreu, mas seu nome estava nos boletins de voto como presidente do Partido de Progresso da Sérvia (SNS, centro-direita), no poder por oito anos.

Segundo uma pesquisa da ONG CRTA, a taxa de participação de eleitores foi de 45%, sete pontos percentuais a menos do que nas legislativas de 2016.  Os partidos de oposição que boicotaram o pleito justificaram sua decisão na impossibilidade de realizar eleições livres devido à distorção da mídia e do cenário democrático.

Mas a oposição, cujos grupos integrantes tem apenas em comum a rejeição a Vucic, foi prejudicada pela dissidência. Os principais partidos boicotaram as eleições, mas apareceram várias formações pequenas. Sob a Constituição, o presidente tem um papel figurativo, mas Aleksandar Vucic é sem dúvida o tomador de decisão.

A propaganda eleitoral também não mencionava o SNS, mas usava como lema: "Aleksandar Vucic para nossos filhos". O chefe de Estado, que foi duas vezes primeiro-ministro antes de assumir a presidência, denunciou o boicote como uma ameaça à democracia e acusou a oposição de usá-lo como disfarce para esconder sua impopularidade.

Aos 50 anos, o presidente está mais popular do que nunca, de acordo com pesquisas que mostram que ele saiu mais forte da crise da COVID-19.  Embora a epidemia cresça lentamente após a fim das medidas de confinamento, a Sérvia evitou, registrando  260 mortes, a catástrofe sofrida em outros países.

Além de administrar a pandemia, o presidente, um ex-ultra-nacionalista que fez a escolha tática de se aproximar do Ocidente e da União Europeia, agrada aqueles que o consideram próximo ao povo.  Vucic optou por grandes projetos de infraestrutura e prometeu praticamente dobrar o salário médio para 900 euros (cerca de 1.008 dólares) até 2025