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'Megaquarentena' muda face de Santiago após aumento de casos de Covid-19

16 de Maio de 2020 às 20:05

'Megaquarentena' muda face de Santiago após aumento de casos de Covid-19 Avenida de Santiago vazia durante quarentena. Crédito da foto: Martin Bernetti / AFP (16/5/2020)

Com ruas quase vazias e maior controle, Santiago começou a viver neste sábado (16) uma "megaquarentena". Ela foi imposta após um abrupto aumento de casos e mortes do novo coronavírus na última semana, que mudou drasticamente o panorama na capital chilena.

Segundo as autoridades, que há dois meses vinham evitando confinar completamente a cidade, as atividades normais para uma manhã de sábado diminuíram em 85% na metrópole de sete milhões de habitantes. "Temos quarteirões e mais quarteirões completamente vazios e a gente entende que este é um bom começo", disse à imprensa o ministro da Saúde, Jaime Mañalich, no aeroporto de Santiago.

Ele fez um sobrevoo por todas as comunas da cidade. Elas estão em confinamento obrigatório desde às 22 horas locais de sexta-feira.

A medida drástica foi adotada na semana em que os casos de coronavírus dispararam. Eles dobraram em dez dias, totalizando neste sábado 41.428 contagiados. Nas últimas 24 horas morreram sete pessoas, elevando o total de vítimas a 421.

Situação preocupante

O panorama é especialmente preocupante em Santiago. Isso porque 80% dos contagiados no Chile estão na capital, onde a ocupação de leitos nos serviços de urgência estava em críticos 90%.

Três pacientes graves foram transferidos durante o dia para a cidade de Concepción (450 km ao sul de Santiago). O objetivo foi abrir espaço nas unidades de tratamento intensivo da capital chilena, onde se esperam dias críticos nas próximas semanas.

Embora a taxa de letalidade (número de falecidos com relação ao total de casos) no Chile seja baixa, com o aumento explosivo dos contágios - até esta semana não passavam dos mil por dia e na quarta-feira superaram os 2.600 -, as autoridades esperam que ela também suba. "Estamos mantendo a taxa de letalidade perto de 1%, mas ao ver uma quantidade maior de contagiados, obviamente a quantidade de falecidos aumenta", disse neste sábado Arturo Zúñiga, vice-secretário de redes de assistência do ministério da Saúde.

'Pouquinha gente nas ruas'

Nas principais ruas de Santiago não se viam quase pessoas caminhando neste sábado. Na Alameda, a principal avenida do centro da cidade, alguns carros particulares e ônibus do transporte público circulavam, todos quase vazios. Havia também pouquíssimos pedestres, constatou a AFP.

"Os começos são sempre muito enérgicos, com muito senso de responsabilidade, mas de modo geral considero que está muito bem, melhor do que poderia esperar. Vi pouquinha gente" nas ruas, disse à AFP Carlos, taxista de 57 anos.

Em várias comunas, viam-se muitas motocicletas de serviços de entrega autorizados a circular durante a quarentena e algumas pessoas passeavam timidamente com seus animais de estimação durante os 30 minutos permitidos pelo confinamento. Pequenos comércios permaneciam abertos, assim como os supermercados, onde a entrada era controlada.

Menos gente

Em grandes mercados atacadistas como La Vega e Lo Valledor, onde normalmente há grandes aglomerações, havia muito menos gente após um maior controle policial nos acessos do que nos dias anteriores. Maior efetivo policial e militar - foram mobilizados 14.000 homens - controlavam o tráfego e supervisionavam as permissões com as quais é possível circular durante a quarentena.

O panorama é muito diferente do que o registrado há poucos dias. O Chile tinha optado até agora por uma estratégia de quarentenas "dinâmicas" ou parciais, que em alguns casos abrangiam apenas partes de algumas comunas e em Santiago muitas pessoas haviam encontrado formas de evitar as restrições e conseguiam também se movimentar pela cidade.

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"Sob o meu ponto de vista, a população tem agido de forma responsável", disse à AFP Valentín Vera, engenheiro civil que se deslocava de bicicleta para evitar o contágio do coronavírus. "Mas na última semana, vimos disparar o número de contágios e não é a norma. Por isso, a autoridade nacional teve que tomar esta medida (do confinamento total)", emendou. (AFP)