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Jornalista Bob Woodward faz um sombrio retrato de Trump em livro

04 de Setembro de 2018 às 20:25

 

Livro apontaria que colaboradores se esforçam para controlar Trump. Crédito da foto: Michael B. Thomas/Getty Images/AFP

 

O aguardado livro do jornalista investigativo Bob Woodward sobre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descreve o perfil de um chefe de Estado inculto, raivoso e paranoico, que seus secretários e colaboradores se esforçam em controlar para evitar suas saídas de tom.

O jornal Washington Post, que obteve uma cópia da obra escrita por quem, junto com Carl Bernstein, revelou o escândalo Watergate, que desencadeou a demissão do republicano Richard Nixon, publicou alguns trechos que não deixam o 45° presidente dos Estados Unidos em uma boa posição.

A Casa Branca respondeu que se trata de "histórias fabricadas", enquanto o aguardado livro reaviva as pressões contra um presidente cercado por múltiplas investigações e uma eleição que poderia prejudicar o Partido Republicano.

"É apenas outro livro ruim", afirmou Trump ao Daily Caller, uma publicação conservadora, assinalando que se tratam de "coisas desagradáveis" e "inventadas".

"Ele teve grandes problemas de credibilidade", disse sobre Woodward, sem especificar sobre essa afirmação.

 'O pior trabalho'

De acordo com o livro, após uma reunião entre Trump e a sua equipe de Segurança Nacional sobre a presença militar na península da Coreia, o secretário de Defesa, Jim Mattis, disse, exasperado, ao seu círculo próximo que o presidente se comportou como um "aluno de quinto ou sexto ano".

Segundo Woodward, depois do ataque químico de abril de 2017 atribuído ao regime do presidente sírio Bashar al-Assad, Trump supostamente ligou para o general Mattis e lhe disse que queria assassinar o chefe de Estado.

"Vamos matá-lo. Vamos. Vamos matar um monte deles", disse Trump ao chefe do Pentágono. Depois de desligar, Mattis teria recorrido a um assessor e teria dito a ele: "Não faremos nada a respeito, seremos muito mais comedidos".

Woodward descreve em seu livro intitulado "Fear: Trump in the White House" a frustração que vive de forma recorrente o secretário-geral da Casa Branca, John Kelly, tradicionalmente o homem mais próximo ao presidente na "Ala Oeste".

Em uma reunião com um círculo reduzido, Kelly teria afirmado sobre Trump: "É um idiota. É inútil tentar convencê-lo de qualquer coisa (...) Nem sei o que eu estou fazendo aqui. Este é o pior trabalho que já tive".

Em uma breve reação, Kelly assegurou que jamais chamou o presidente de idiota e reafirmou o seu compromisso com ele.

De acordo com o explosivo texto, seu ex-assessor econômico Gary Cohn "roubou uma carta que encontrou sobre a mesa de Trump" que o presidente pretendia assinar e que tinha a intenção de retirar oficialmente os Estados Unidos de um acordo comercial com a Coreia do Sul.

Cohn explicou então a uma pessoa próxima que havia tomado essa atitude em nome da segurança nacional e que o magnata imobiliário nunca se deu conta do desaparecimento do documento.

Os trechos divulgados pelo Washington Post revelam um presidente irascível que ataca os seus colaboradores com uma violência pouco comum.

O procurador-geral, Jeff Sessions, que tem sido alvo recorrente do desprezo presidencial, recebe um tratamento impiedoso. "É um cara mentalmente atrasado. É um imbecil", teria afirmado Trump a Rob Porter, um de seus assessores.

Livro apontaria que colaboradores se esforçam para controlar Trump. Crédito da foto: Reprodução

 

 'Fez um trabalho extraordinário'

A investigação do procurador especial, Robert Mueller, sobre um suposto conluio entre a equipe de campanha de Trump e a Rússia ocupa um importante lugar no livro.

Woodward disse que tentou, sem sucesso, entrevistar Trump para o livro e que o presidente ligou para ele em meados de agosto, quando já estava finalizado.

O Post publicou o registro da conversa entre os dois, na qual Trump afirma que ninguém passou a ele a mensagem para falar com o jornalista e assegura que teria "adorado falar com ele".

"Você sabe que fez um trabalho extraordinário pelo país (...) Entende isso? Eu espero", diz durante a conversa, na qual, em alguns momentos, dá a impressão de ter se resignado. (AFP)

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